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José
Geraldes
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Injustiça para com Belmonte
Um desencanto total. E uma injustiça para com a vila de
Belmonte e o distrito de Castelo Branco.
A terra natal de Pedro Álvares Cabral é pura e
simplesmente riscada do programa do Presidente Fernando Henrique
Cardoso na sua participação nas comemorações
em Portugal, dos 500 anos da descoberta do Brasil.
E, como compreender que, nos actos anunciados para o Parque das
Nações, em Lisboa, Belmonte seja pura e simplesmente
ignorada? E nem o nome da vila seja pronunciado? A surpresa de
Dias Rocha, presidente da Câmara da terra do descobridor
do Brasil, é justa: "Não percebo esta situação,
até porque já temos várias coisas definidas
em conjunto, como por exemplo, a reconstituição
de uma visita régia quinhentista, com a participação
de mais de 600 figurantes" (NC, 25 de Fevereiro).
Se há lugar onde se justificava com inteira justiça
a visita do Presidente do Brasil era exactamente à terra
da naturalidade de Pedro Álvares Cabral. Porque tal acontecimento
foi posto de lado? A distância de Lisboa e Belmonte, por
helicóptero, é assim tão longa para não
haver tempo de Fernando Henrique Cardoso vir ao Castelo de Cabral?
Trata-se de uma situação em que se torna difícil
aceitar desculpas da anulação da vinda do Presidente
brasileiro.
A autarquia elaborou um programa vasto e abrangente para as comemorações,
de alto nível cultural e em ordem a todas as faixas etárias
desde as crianças das escolas aos idosos. A visita de
Fernando Henrique Cardoso seria o momento alto de todo este programa
e uma atenção para com os belmontenses.
Lembre-se que, em 1963, o então presidente do Brasil,
Juscelino Kubitsheck, inaugurou o monumento de homenagem a Pedro
Álvares Cabral. E do seu discurso há uma frase
cuja citação é obrigatória: "O
Brasil tem de ser, sempre, amigo de Portugal, porque a independência
nos foi dada na hora própria em bandeja de prata".
Por isso, a vinda a Belmonte, do actual Presidente, às
comemorações dos 500 anos, nunca devia, em momento
algum, ser posta sequer em dúvida. Devia, isso sim, figurar
logo, à partida, como acto obrigatório do programa.
Afinal, isto não aconteceu.
Lamenta-se que as origens do descobrimento do Brasil sejam desprezadas
para que se possa cumprir, no Parque das Nações
um programa para ser visto pela televisão e nada dizer
ao coração dos belmontenses.
Em todas as comemorações oficiais, figura sempre
uma ida às raízes dos heróis ou eventos
que se comemoram. É um acto ritual.
No caso de Belmonte, o ritual alterou-se. Para tristeza de todos
nós que nunca esperávamos tal facto. E connosco
estão também brasileiros que não compreendem
o acto. Até porque não há brasileiro que
se preze que, em visita a Portugal, não inclua sempre
Belmonte no seu roteiro.
A terra de Cabral não merecia esta injustiça.
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