Idanha-a-Velha
Forno comunitário
voltou
a cozer
A degradação impedia
o seu uso, por isso a Câmara de Idanha-a-Nova decidiu reconstrui-lo.
O investimento ultrapassa os 12 mil contos e serve os 80 habitantes
da Aldeia Histórica
O forno comunitário da Aldeia Histórica
de Idanha-a-Velha voltou a cozer pão. Recuperado e remodelado,
depois de vários anos em que a degradação
impediu a sua utilização de uma forma eficaz, o
velho forno, datado do inicio do século XIX, está
de novo ao serviço dos 80 habitantes da localidade desde
o passado dia 20.
A iniciativa partiu da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova
que investiu cerca de 12 mil contos na reconstrução
da sala de cozedura, de uma cozinha de apoio e de um alpendre
no exterior. Investimento que a autarquia candidatou ao Programa
de Recuperação das Aldeias Históricas, sem
que, até agora, tenha sido aprovado.
Doado à Junta de Freguesia, em 1997, pela família
Marrocos, detentora de grande parte do conjunto imobiliário
da aldeia, o forno tem capacidade para cozer 50 pães,
além de outros alimentos, e vem dar resposta a uma necessidade
sentida pela população. "Isto estava tudo
estragado agora, finalmente, podemos continua a cozer. Para nós
e para quem nos vier cá visitar", realça uma
das utilizadoras, Carminda Bernardo.
Uma máxima seguida à risca no dia da inauguração,
já que a noite anterior, sábado, foi aproveitada
para estrear o forno na preparação dos petiscos
servidos a todos os presentes. Que o diga Anunciação
Martins, uma das cozinheiras de serviço: "É
uma ocasião muito importante para o povo, porque agora
podemos cozer os bolos e o pão à nossa maneira,
que é diferente". Diferenças que se notam
não só no sabor, como também na cor, na
forma e mesmo no tempo de cozedura. "Quase duas horas para
ficar no ponto", revela o marido da cozinheira, António
Gonçalves.
Perpetuar a identidade da aldeia
Na cerimónia de inauguração estiveram presentes
o presidente da Câmara, Francisco Sousa Baptista, o presidente
da Junta de Freguesia, João José Lopes Cunha, uma
representante da família Marrocos, dois técnicos
do Instituto Português do Património Arquitectónico
(IPPAR), bem como algumas dezenas de populares e turistas "apanhados"
pela ocasião.
"Aqui residem tradições, solidariedades e
valores que nós queremos perpetuar no futuro", sublinha
Francisco Baptista, ao mesmo tempo que lembra o trabalho de recuperação
global da aldeia, em parceria com o IPPAR, que tem em curso investimentos
na ordem dos 650 mil contos. Entre as obras abrangidas encontram-se
a capela, o salão de convívio e a Praça
do Espírito Santo. O autarca não esconde, por isso,
a satisfação ao constatar que, hoje, Idanha-a-Velha,
antiga Egitânia, é um espaço patrimonial
de grande importância: "Onde a interligação
entre o Instituto e a edilidade tem como objectivo prioritário
criar uma identidade única no contexto da Beira Interior".
Objectivo que Francisco Baptista considera plenamente atingido:
"Basta olhar para a alegria com que esta gente está
aqui. É o indicador claro de que o forno comunitário
corresponde às necessidades sentidas e nós, como
Câmara Municipal, temos de saber compreender e salvaguardar
estes aspectos da cultura que, hoje, cada vez mais, têm
tendência para desaparecer".
Sérgio Felizardo
NC / Urbi et Orbi
|