Antiga biblioteca aloja EPABI "temporariamente"
Sopros e cordas no jardim
A EPABI pode começar a "fazer
as malas". Brevemente, as actuais instalações
da biblioteca vão acolher a secção de cordas
desta escola. Mas só até o Ministério da
Educação encontrar uma solução condigna
e definitiva. Nascida há apenas oito anos, a EPABI representa
hoje um ponto de encontro para muitos jovens estudantes, que
lhe proporcionam uma posição de destaque no interior
do país.
A Escola Profissional de Artes da Beira
Interior (EPABI) vai ser temporariamente alojada no antigo edifício
da biblioteca Calouste Gulbenkian. Após a conclusão
das obras de adaptação do espaço aos novos
ocupantes, a secção de cordas passará então
a funcionar no recinto, concentrando na zona do jardim as turmas
de sopros e cordas.
Maria do Rosário Rocha, vereadora da cultura da Câmara
Municipal da Covilhã, sublinha a necessidade de encontrar
uma solução definitiva para a EPABI, a braços
com a degradação e falta de espaço do actual
edifício. "O Ministério da Educação
impõe regras de funcionamento às escolas profissionais
e secundárias. Deste modo, terá de dar soluções.
A Câmara como entidade proprietária tem que ter
uma base de financiamento para a projecção de raiz
de uma nova sede. Falamos de um investimento de um milhão
e 200 mil contos, que não é comportável
por nenhuma autarquia", afirma.
A edilidade pretende, por isso mesmo, estudar as regras de candidatura
ao III Quadro Comunitário de Apoio (QCA), que prevê
verbas no âmbito do programa específico para o ensino
das artes.
Aprender, estudar e descansar
A Escola Profissional de Artes da Beira
Interior (EPABI) surgiu na Covilhã em 1992 com o objectivo
de formar jovens não só a nível profissional,
mas sobretudo a nível musical. Do elenco responsável
pelos arranque e projecção da escola fazem parte
os professores Filomena Gomes, Oscar Monteiro, Filomeno Raimundo,
Paula Ramos e Luís Cipriano.
Actualmente, a escola conta com dois directores principais: Paula
Ramos, directora pedagógica, e João Nuno Saraiva,
director geral e responsável pelas áreas administrativa
e financeira.
A EPABI tem um total de 96 alunos, desde o 7º ao 12ºano,
sendo a maioria estudantes deslocados. Como referiu João
Nuno Saraiva, "a escola tem uma extensa linha de abrangência
que vai de Lisboa/Évora até ao Douro".
O corpo docente é composto por 56 professores, dos quais
apenas três são da Covilhã. Os restantes
são do litoral que, de acordo com o director geral, "
são as regiões mais ricas em professores da área
artística".
A alimentação e o alojamento são preocupações
fundamentais para os alunos, as quais a EPABI, mesmo sem espaço
para cantina nem residência nas actuais instalações,
já um pouco reduzidas, "providencia da melhor forma
possível". Abrindo às 8 horas e fechando às
23 a EPABI, pretende ser um segundo lar, dando-lhes tempo e espaço
para aprenderem, descansarem e estudarem. Segundo João
Nuno Saraiva, "a escola fecha a essa hora porque eles estudam
aqui, único local onde podem fazer barulho sem incomodarem
ninguém".
Formar profissionais com futuro
A EPABI lecciona as disciplinas obrigatórias
para os anos curriculares em que os alunos estão inscritos
e, para além dessas, tem disciplinas relacionadas com
a formação musical, das quais fazem parte a rebeca,
a composição e a acústica.
Das principais actividades desenvolvidas pela escola destacam-se
a orquestra sinfónica, o coro, a música de câmara
e os recitais individuais. O director geral salienta que "a
orquestra sinfónica é, sem dúvida, o grande
grupo de música da escola, pois todos os alunos por lá
passam e é onde iniciam a sua vida musical". "O
grande objectivo da EPABI é formar profissionais de orquestra
sinfónica e ensiná-los a serem instrumentistas
com formação complementar adequada".
Muitos são os locais por onde a EPABI passa e deixa o
seu encanto. Dos imensos países percorridos destaca-se
a última viagem, no Natal passado, com destino à
Palestina, a convite da embaixada do país em Lisboa. A
viagem integrou-se no "Projecto Belém 2000",
organizado para assinalar os 2000 anos do nascimento de Cristo
e o renascimento da Palestina. De acordo com João Nuno
Saraiva, "esta viagem foi um sucesso para nós, para
a Covilhã, e para o país".
João Saraiva refere que os concertos têm dois objectivos:
a formação do aluno ("dar-lhe palco")
e o próprio desenvolvimento do mercado de trabalho dos
alunos pela divulgação da música. "O
que procuramos é o desenvolvimento cultural da região
e abrir mercado para o que os alunos vão produzir no futuro".
Rita Lopes
e Raquel Fragata |