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O Urbi foi saber se os covilhanenses costumam reciclar

1.Tem por hábito fazer em casa a selecção do lixo para reciclagem?

2.Acha que deveriam haver mais vidrões na Covilhã?

 


Mariana Rafael, 51 anos,
estudante de
Ciências da Comunicação

1.
Sobretudo das garrafas. Do papelão não faço porque tenho perto da minha casa. Mesmo para fazer do vidro é complicado. Não haver mais vidrões é um obstáculo que muitas vezes nos leva a desistir.

2.Claro. Vidrões e papelões.


Maria Fernanda Fonseca, 38 anos, auxiliar administrativa

1.
Não costumo fazer a reciclagem. Vivo na freguesia de Peraboa e lá só temos para o vidro. Separo os vidros, que é o que temos.

2.Sim. Mas há pessoas que, para não se deslocarem, não se dão ao trabalho.


João Brioso Ferrinho, 57 anos, motorista

1.
Sim. Plásticos num saco, garrafas noutro e papel noutro. Mas ainda não há sítio para os plásticos.

2.Sim. Para acabar com a poluição. E mais papeleiras distribuídas pela cidade. Há poucas papeleiras.

 


Pedro Ferrão, 18 anos,
empregado de bar

1.
No café separo cartões, vidro e plástico. O plástico acaba por ser depositado com o outro lixo.

2.Sim

 


Raquel Marques Costa, 29 anos, assistente social

1.
Só papel e quando posso algumas garrafas. Mas depende, porque na cidade ainda não há papelões e vidrões suficientes.

2.Claro. Todos os contentores deviam ser acompanhados por um ecoponto completo. Se houvessem tenho a certeza que toda a gente começava a seleccionar o lixo.


Preferindo "soluções próprias" para reciclar o lixo da Covilhã
Câmara recusa
Central de Compostagem

A Covilhã pertence à lista das cidades do País que ainda não têm Ecopontos. Os poucos vidrões e papelões existentes não sensibilizam a maioria, nem satisfazem a minoria, atenta à importância da separação dos diversos tipos de lixo. A Associação de Municípios está à frente de um projecto referente ao Sistema de Tratamento de Resíduos Sólidos e Urbanos, que engloba a construção de uma Central de Compostagem e a colocação de Ecopontos. No entanto, a Câmara Municipal da Covilhã, ainda de relações cortadas com a Associação, não pretende usufruir da Central e anuncia que, até ao final do mandato, colocará os seus próprios Ecopontos pela cidade.

Apesar de ser prática corrente no resto do País, a reciclagem ainda não faz parte dos hábitos quotidianos da população covilhanense. Este facto, longe de se prender exclusivamente com o desinteresse dos munícipes, deve-se também à escassez de Ecopontos na cidade, e ao facto de aqueles que existem estarem bastante incompletos, sendo constituídos na maioria dos casos por vidrões, e em apenas alguns casos por papelões. Quanto aos plásticos, ainda seguem no recipiente destinado ao lixo doméstico, tal como as pilhas que não são entregues nos estabelecimentos que se dispuseram a recebê-las.
O afastamento da Câmara Municipal da Covilhã (CMC) em relação à Associação de Municípios da Cova da Beira levanta várias dúvidas no que respeita ao futuro do tratamento de lixos do Município, mas principalmente no que se refere ao aproveitamento da futura Central de Compostagem, obra que está a ser levada a cabo por aquela associação.

Cinco milhões de contos para o lixo

A Associação de Municípios está à frente do projecto referente ao Sistema de Tratamento de Resíduos Sólidos e Urbanos, em fase de desenvolvimento no concelho do Fundão. Este projecto inclui, numa primeira fase que está já em execução, a selagem das lixeiras que, actualmente, servem os 14 municípios pertencentes a esta associação, uma Central de Compostagem, que vem permitir o aproveitamento da facção orgânica para adubagem agrícola, com conclusão prevista para o final do ano, um Aterro Sanitário controlado, para os resíduos não aproveitáveis, a entrar em funcionamento em Agosto; e, finalmente, a Recolha Selectiva, em que se incluem os Ecopontos, Ecocentros e a Central de Triagem onde são seleccionados os resíduos em grupos homogéneos, a fim de serem encaminhados para reciclagem através da sociedade Ponto Verde, e que se prevê estarem a funcionar, também, no final do ano.
Uma obra na ordem dos 5 milhões de contos cujo objectivo será maximizar a valorização dos resíduos e, consequentemente, minimizar o lixo urbano que vai para aterro. Um passo em frente na protecção ambiental para a região da Cova da Beira.

Câmara com outros planos

Mas apesar da obra a Câmara da Covilhã tem outros planos para o lixo do município. Embora não negue um possível aproveitamento da Central de Compostagem no futuro, adianta estar já a trabalhar no implante dos seus próprios Ecopontos e a fazer o seu próprio reencaminhamento de resíduos para reciclagem, numa perspectiva que "beneficia mais os munícipes" , afirma Joaquim Matias, vereador do pelouro.
"Dentro ou fora da Associação de Municípios, a Câmara pode eventualmente negociar com a empresa a quem está feita a concessão, a qual está a executar e explorar o Centro de Tratamento de Resíduos Sólidos e Urbanos. O que nós queremos é que os nossos munícipes tenham a melhor qualidade de vida com os menores custos".
Os preços para o depósito de uma tonelada de lixo na Central de Tratamento variam de acordo com cada uma das partes, (associação e câmara), variação que se encontra entre os 4 e os 6 mil escudos. Este valor cobre, para além das despesas de tratamento, uma taxa de retorno, inserida como forma de ir saldando a quota parte do financiamento da obra pertencente a todas as câmaras associadas. Este financiamento perfaz um total de 15 por cento do custo total da obra. Os 85 por cento restantes são provenientes do Programa Operacional para o Ambiente (POA), Instituto dos Resíduos (INR) e do Fundo de Coesão.
Vencedora em 89, 91 e 94 no concurso nacional de limpeza pública urbana "Cidades Limpas", a Câmara Municipal da Covilhã diz estar atenta às necessidades da população. Ao entrarmos em contacto com o engenheiro Santos, do departamento do ambiente da Câmara, verificamos que já há cerca de 10 anos está em funcionamento o ciclo de reciclagem do vidro, embora apenas tenha sido estendido às freguesias rurais há pouco tempo. A questão que se coloca é se serão os 35 vidrões instalados na cidade e os 50 nas freguesias rurais suficientes para alterar os hábitos da população em defesa da reciclagem.
Para este técnico camarário, a nível do vidro os resultados são óptimos: "Reciclamos na ordem das 200 toneladas de vidro por ano. O papel ainda está em fase de implementação e de campanhas de sensibilização ", diz.

Ecopontos até ao final do mandato

A Câmara tem como obrigação colocar o mobiliário necessário para a recolha selectiva do lixo e proceder à mesma, de acordo com o protocolo estabelecido com os LIONS, associação angariadora de fundos para solidariedade social na Covilhã, e a Universidade da Beira Interior, para os quais passa a responsabilidade do encaminhamento do lixo seleccionado, vidro e papel, respectivamente. O lucro da venda dos resíduos reverte a favor daquela associação.
Joaquim Matias mostra-se completamente despreocupado em relação ao modo como a Central de Cospostagem vai operar: "A Central de Compostagem não vai reciclar papel ou vidro, vai fazer a triagem para depois enviar para outras empresas. A Câmara vai fazer o mesmo. Portanto, em termos sociais, eu pergunto se não será mais importante reciclar trabalhando de forma a ajudar os meios regionais?".
Na manga, a Câmara Municipal da Covilhã tem já a preparação da instalação de ecopontos em todo o conselho que, promete, estarão em funcionamento até ao final do mandato, daqui a dois anos . Ainda este ano, para Maio, estão já agendadas campanhas publicitárias para sensibilizar a população para a importância da reciclagem e da separação dos diferentes tipos de lixo .
Entretanto, os munícipes atentos a estas questões terão que continuar a percorrer distâncias por vezes desanimadoras até aos poucos ecopontos existentes, se quiserem colocar o vidro no vidrão e o papel no papelão.

 

Sílvia Ferreira






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