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Vasco Cardoso


Calendário Escolar,
um meio ou um fim?

Não é a primeira vez que a Universidade da Beira Interior apresenta à Academia uma proposta para alteração do modelo de calendário escolar. Aliás, uma proposta muito semelhante àquela que está em cima da mesa foi apresentada à quatro anos, obtendo, na altura, uma resposta negativa por parte do corpo de alunos. Desta feita, os argumentos para esta alteração centram-se essencialmente na sequencialidade de matérias e na falta de aproveitamento escolar nos exames de época de recurso realizados no início de Setembro.
De uma breve apreciação à alteração proposta e de uma leitura minimamente atenta aos documentos que lhe dão suporte, facilmente nos deparamos com um conjunto de dúvidas que, embora simples, são aquelas que se respiram nas salas de aula, nos corredores e nas cantinas.
Assim, os prazos "dilatados" que são apresentados, afinal não são assim tão dilatados e fazendo a contabilidade rigorosa, entre férias, exames e aulas, parece que ficam a faltar dias no ano, e pelo que nos é dado a conhecer, por a UBI alterar o calendário escolar, a terra não vai abrandar o seu movimento de translação. Também a resposta em termos administrativos nos preocupa, cientes que estamos da forma deficiente em que funcionam os Serviços Académicos. Haverá tempo de processar tudo por forma a que o caos seja evitado? Cumprir-se-ão os prazos e as épocas? Outro problema que pode ser levantado é o da avaliação que passará no mínimo a ser mais selectiva, pois alguns docentes, para não terem que corrigir o mesmo número de provas em menos tempo, certamente tentarão impor critérios de avaliação cada vez mais selectivos e restritivos, além de que também será difícil colocar as notas nas pautas em tempo útil e de forma a permitir uma preparação conveniente para a prova de avaliação seguinte.
Uma suposta alteração deste ou de outro calendário, deveria em qualquer circunstância obedecer a uma profunda reflexão dos órgãos pedagógicos e científicos da Instituição, sobre o modelo de avaliação pretendido para esta escola, que congrega simultaneamente diferentes áreas da ciência e do saber, com o objectivo único de aumentar o sucesso escolar por parte do corpo de alunos, bem como, fomentar a vertente de investigação que é fundamental para que a UBI se continue a proclamar um ensino Universitário de "excelência".
A forma como este processo tem estado a ser conduzido pode induzir no erro de considerarmos que deverá ser o modelo de avaliação a estar refém do calendário escolar existente e não o inverso. Queremos com isto dizer, que deveria, ou melhor, deveríamos equacionar em primeiro lugar qual o tipo de avaliação pretendido, contínua ou contingente, com ou sem frequências, com uma ou duas chamadas de exames, com treze ou quinze semanas de aulas, com ou sem trabalhos e notas de laboratório, no fundo definir primeiro qual o fim a atingir e adequar depois os meios necessários para lá chegar, e estamos a falar, claro está, do calendário escolar.





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