Greve na Função Pública
Covilhã não
aderiu
Os dados sobre a adesão à
greve da Função Pública de 18 de Fevereiro,
divulgados pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração
Local (STAL) da Direcção de Castelo Branco indicam
que nos Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento
(SMAS) da Covilhã a secção de contadores
esteve encerrada. A adesão total naquele serviço
foi de 26%, mas na Câmara Municipal foi inferior 10 pontos
percentuais.
Nenhuma escola da cidade chegou a encerrar as portas por falta
de professores ou pessoal auxiliar, tendo a adesão neste
sector variado entre os 28,5% na Escola de Ensino recorrente
e Extracurricular (EERE) e os 75% na Escola de Ensino Básico
2/3 do Paul, segundo nota à comunicação
social do sindicato de Professores da Região Centro. Só
o jardim de infância Ensino Cooperativo da Área
Educativa (ECAE) teve 100% de adesão à greve.
A greve foi convocada pela Frente Comum, que reúne cerca
de 30 sindicatos afectos à CGTP, reivindicando aumentos
salariais da ordem dos 6%. Tanto sindicatos como tutela divergem
nos números apresentados. Os primeiros referem uma grande
adesão, enquanto o Governo garante que o número
de grevistas foi escasso.
As negociações com o Ministério da Administração
Interna prosseguem na próxima quarta feira, com um dado
novo. A Frente Comum pretende entrar na próxima ronda
negocial com uma nova proposta de 4,1%. Perante este recuo, o
secretário de Estado da Administração Interna,
Alexandre Rosa, mostrou-se disposto a discutir os assuntos, sublinhando
que os 2,4% propostos pelo governo não são a posição
final.
Funcionários da UBI em greve
Embora ainda não contabilizada,
a greve fez-se sentir na UBI nomeadamente com cortes de pessoal
nas cantinas, tendo mesmo motivado o encerramento das cantinas
da Boavista e Melo e Castro.
Maria Helena Fernanda Cecílio, funcionária dos
Serviços de Acção Social (SASUBI), considera
esta greve justa e necessária. Declarou que aderiu à
greve como forma de protesto contra as condições
de trabalho que considera precárias. Maria Helena Cecílio
trabalha na SASUBI há 9 anos, mas só há
4 é que tem contrato. Garante que vários colegas
seus estão na mesma situação, e defende
que estas formas de luta deveriam ter uma adesão maciça.
A Federação Nacional dos Professores (FENPROF)
também apelou à greve. Nas suas reivindicações
está em causa a proposta do Ministério da Educação
para a criação de um subsídio de desemprego,
apresentada no dia 14 deste mês. A FENPROF discorda essencialmente
com três pontos: a exigência, para que o docente
seja considerado na situação de desempregado, de
ter trabalhado 18 meses nos últimos 36; a não retroacção
do subsídio a 1 de Setembro de 1999 e a exclusão,
para o efeito, dos docentes do ensino superior. Luís Lobo,
secretário da federação, refere a intransigência
do Ministério como motor para a continuação
das suas reivindicações, podendo ocorrer no futuro
uma greve de professores.
O "Urbi" sondou alguns professores da UBI e constatou
um notório desconhecimento em relação à
greve.
Nuno Augusto, professor de Sociologia na UBI, diz mesmo que
não foi informado dos objectivos da greve, informação
essa que não deveria estar restrita ao divulgado pelos
meios de comunicação social. E critica a acção
sindical: "O papel dos sindicatos não é efectivo.
Estão cada vez mais estatizados, quando deveriam ser independentes
e menos burocráticos. A lógica dos sindicatos é
muito objectivista, igualitária." "As greves
devem ser específicas como as profissões, cada
vez mais disseminadas. São problemas distintos",
realça.
Raquel Fragata
|