Licenciados sem emprego aumentam em
99
Ficar no Interior
pode ser solução
Segundo as estatísticas, os licenciados
foram o único nível no qual se registou um aumento
de desempregados em 99, subindo 44% em relação
ao ano anterior. Números que levam os recém-licenciados
da UBI a considerar cada vez mais a hipótese de permanecer
no Interior, onde as possibilidades de encontrar colocação
ainda superam as dos grandes centros. Mas na Covilhã os
números não animam: em 99 registaram-se 3 604 pedidos,
127 ofertas e 89 colocações. O combate a esta situação
passa pelos estágios profissionais e pela formação.
Os números ditam os factos: o desemprego
entre licenciados subiu 44% em relação a 1998,
situando-se nos 9.2%, segundo dados divulgados pela CGTP-Intersindical.
Este organismo apresenta ainda um outro número: actualmente
temos 19 500 licenciados sem emprego. Preocupante é sobretudo
o facto de ser o único nível de instrução
onde se registou aumento de desempregados em 99, facto revelado
por um relatório do Instituto de Emprego e Formação
Profissional (IEFP).
No IEFP da Covilhã, os dados relativos a Dezembro de 99
registam 127 ofertas de emprego, 3.604 pedidos e 89 colocações.
Um responsável desta instituição revelou
ao Urbi que os cursos onde a procura de emprego é mais
elevada são a Sociologia e as Ciências da Comunicação,
embora não existam dados concretos que o demonstrem de
forma positiva.
Trabalho precário atinge os mais
jovens
O mesmo relatório revela que os
jovens são as principais vítimas do trabalho precário,
representando 37 por cento do total. Os contratos permanentes
aumentaram apenas 1,7%, enquanto que os contratos não
permanentes subiram 12,3%. Das formas de trabalho precárias,
o sistema de prestação de serviços, mascarado
de trabalho independente, registou o maior aumento, 17,1 por
cento.
A Delegação Regional do Centro do IEFP revelou
que o desemprego baixou 11,6% relativamente a 98. Segundo a mesma
fonte, "o desenvolvimento económico favorável
e um maior sucesso na actuação dos diversos centros
de emprego, justificam este decréscimo". Os registos
referem 25.286 ofertas de emprego e 16.464 trabalhadores colocados
directamente pelo IEFP, contra 22.074 ofertas e 13.610 colocados
em 1998.
As mulheres estão em pior situação. Na edição
de janeiro de 2000 das estatísticas mensais do Mercado
de Emprego do IEFP, na Região Centro havia 45.526 pedidos
de emprego. Destes, 1.087 tinham qualificações
de cursos médios ou bacharelatos, 739 dos quais eram mulheres.
Licenciados foram 1.947, sendo 1.457 mulheres. Por fim dos 8
desempregados com Mestrado ou Doutoramento, 7 são mulheres.
Combate ao desemprego passa pela formação
O combate ao desemprego "tem sido
uma preocupação fundamental". O IEFP apresenta
algumas soluções, nomeadamente os estágios
profissionais e os curso de formação. Os estágios
abrangem não só os licenciados, como os bacharéis
e as pessoas que tenham o 12º ano de escolaridade. A formação
é uma forma de dar qualificação a pessoas
com a escolaridade mínima ou que estejam desempregadas
há muito tempo, aumentando as suas possibilidades num
mercado cada vez mais competitivo. Estes cursos dão formação
nas mais diversas áreas, havendo inclusivamente o curso
de formação de formadores.
A vantagem desta solução é que não
acarreta quaisquer gastos para os formandos, que ainda recebem
uma pequena bolsa.
Ficar na região
Tanto o IEFP como o Gabinete de Estágios
da UBI têm desempenhado um papel fundamental na fixação
de recém-licenciados no Interior, sobretudo tendo em conta
que o número de alunos que tenta conseguir colocação
na região tem vindo a aumentar nos últimos anos.
Manuela Afonso, animadora da UNIVA e orientadora dos estágios
do Centro de Estudos de Desenvolvimento Regional (CEDR), também
conhecido como Centro de Estágios, refere que "cada
vez mais os licenciados necessitam de ajuda na procura de emprego".
O CEDR trabalha na tentativa de estabelecer uma mediação
entre as empresas e os licenciados. O seu trabalho regista em
99 algumas melhorias face ao ano anterior. Em 98 inscreveram-se
279 licenciados da UBI, surgiram 206 ofertas de emprego e foram
colocados 75 alunos. Até ao fim de 1999, o número
de inscritos chega aos 291, foram concentradas 293 ofertas, tendo
sido colocados 83 licenciados. Os cursos que registam maior procura
são a Gestão (101 alunos em 99) e as Ciências
da Comunicação (36 inscritos).
Estes dados não são de forma alguma absolutos,
porque nem toda a oferta e procura é registada e encaminhada
pelo gabinete. Segundo Manuela Afonso "o número de
colocados não representa a realidade, pois muitos alunos
não comunicam contactos estabelecidos com outras empresas,
e muitas vezes as empresas não contactam o nosso gabinete".
A orientadora do Centro de Estágios refere ainda que "o
nosso trabalho é encaminhar as duas partes, mas as empresas
é que fazem a selecção. Muitas vezes perdemos
o contacto com os alunos".
As ofertas de emprego que chegam ao Gabinete de Estágios
englobam empregos permanentes, estágios e estágios
profissionais, mas nem sempre significam que os licenciados fiquem
colocados definitivamente na empresa.
Raquel Fragata |