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As autarquias e os jornais locais
Que nem só de betão e de alcatrão
se faz o desenvolvimento de uma terra, isso até um autarca de cultura
mediana entende. O que por vezes não entende é que a imprensa
regional, no uso das suas competências e dos seus deveres de informar,
analisar, debater - e de dar voz à oposição! - é um bem
inestimável, que enriquece a terra a cujos destinos políticos o
autarca preside. Não há maior riqueza do que cidadãos informados, a
pensar pela sua cabeça, autónomos. Se isto é uma verdade válida de
per si, ainda é mais importante de realçar numa época conhecida pela
sociedade da informação e do conhecimento.
Vem isto a propósito das "nítidas dificuldades que os média na
Beira Interior têm em assumir o papel de afrontar o poder político,
quando é caso disso", como José Ricardo Carvalheiro, redactor do
Jornal do Fundão, nota num texto brilhante sobre "Os média e os
poderes locais" (texto disponível na BOCC).
Frequentemente os políticos locais olham para os jornais regionais como
veículos de propaganda, que julgam poder controlar seja pelo
fornecimento selectivo de notícias, seja pela influência comercial da
publicidade institucional. Podem fazê-lo, mas a isso chama-se
manipulação, e, no fim, o feitiço acaba por virar-se contra o
feiticeiro.
O aparecimento de um novo semanário regional de qualidade, o Interior,
é de saudar. Nos últimos tempos houve mudanças significativas, para
melhor, na imprensa regional, e isso constitui um enorme factor de
desenvolvimento. Que uma parte importante dessa melhoria se deve a
jornalistas melhor qualificados, alguns formados na UBI, é motivo de
satisfação para todos nós.
António Fidalgo
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