Lisboa foi o distrito que levou a maior fatia do PIDDAC para
2000, com 214,8 milhões, destinados essencialmente a
habitação social, infra-estruturas e material ferroviário,
rede rodoviária, modernização do sistema produtivo, de
informática e da investigação científica e tecnológica e
ambiente.
À capital segue-se o Porto, com 171,3 milhões de contos,
dinheiro destinado a projectos e programas de modernização das
vias rodo e ferroviárias, da economia em geral e da indústria,
apoio às empresas e área de inovação científica e
tecnológica.
Na cauda do Orçamento ficaram Viana do Castelo e Vila Real, com
18,8 milhões; Portalegre, com 15 milhões; os Açores, com 4
milhões; e a Madeira, com 1,6 milhões.
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Três milhões para a Covilhã
PIDDAC desilude
A construção dos túneis da Serra da Estrela
e a renovação da linha da Beira Baixa ficaram na lista de
esquecimentos do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da
Administração Central (PIDDAC) para Castelo Branco. Os quase 29
milhões de contos disponibilizados para o distrito deixaram muitos
autarcas insatisfeitos. Agora, uma parte deles, acusam o Governo de
estar a pôr em causa o desenvolvimento económico da região.
O tão aguardado Orçamento de Estado 2000 chegou
e já colheu críticas. Os mais de três milhões de contos que a
Covilhã vai receber do PIDDAC levaram Carlos Pinto, presidente da
Câmara Municipal da Covilhã, a acusar o Governo de estar a pôr em
causa o desenvolvimento económico da região.
Dos felizes contemplados por este orçamento constam a Igreja da
Estação, o início da nova esquadra da PSP e o Hospital da Cova da
Beira. Também a Faculdade de Ciências da Saúde e a Biblioteca Geral
da Universidade da Beira Interior (UBI) vão sair das verbas de âmbito
distrital. A fatia a investir nestes equipamentos não sai dos 3.138.452
contos atribuídos à Covilhã, mas sim do bolo de 29 milhões afectados
ao conjunto do distrito.
As críticas feitas ao Orçamento de Estado 2000 surgem devido ao
esquecimento de investimentos há muito aguardados no concelho. É o
caso da Variante Periférica da Covilhã, do Centro de Artes, do
Complexo Desportivo, da Ponte Peso/Pesinho, da estrada Ourondo / S.
Jorge da Beira, e das infra-estruturas do Parque Industrial do
Tortosendo, entre muitas outras.
Segundo Carlos Pinto, presidente da Câmara da Covilhã, todas as obras
não contempladas pelo PIDDAC são oportunidades perdidas para
desenvolver a região e combater a desertificação que a ameaça.
Há 7 dias atrás, o autarca covilhanense organizou o Primeiro Encontro
de Municípios Social-Democratas. Desapontados com o Orçamento para o
concelho, os autarcas das câmaras de Idanha-a-Nova, Oleiros, Proença,
Sertã, Vila de Rei e Vila Velha do Ródão juntaram-se a Carlos Pinto
na decisão de solicitar uma entrevista urgente ao primeiro ministro.
III QCA para os descontentes
Os 28 milhões, 784 mil e 374 contos reservados
pelo PIDDAC para o distrito foram anunciados no passado dia 6 de
Fevereiro, pelos deputados socialistas eleitor por Castelo Branco,
Fernando Serrasqueiro e Maria do Carmo Sequeira. O documento já foi
entregue na Assembleia da República, onde está em discussão desde o
passado dia 7, e vai ser votado nas próximas quinta e sexta-feira.
Este Orçamento de Estado foi classificado sob três aspectos: rigor
económico, justiça social e incentivo à competitividade das empresas.
Com ele, o Governo pretende atingir objectivos específicos, entre os
quais a redução da taxa de desemprego e da dívida pública portuguesa,
que se encontra acima da média comunitária.
Fernando Serrasqueiro sublinhou que as despesas sociais, Saúde,
Educação e Segurança Social, aumentaram de 45 para mais de 55 por
cento nos últimos cinco anos - entre 95 e 2000. O deputado referiu
ainda a possibilidade de candidatar projectos a financiamento no âmbito
do III Quadro Comunitário de Apoio, como forma de atenuar o desânimo
demonstrado por alguns autarcas da região.
Túneis da Serra da Estrela:
400 mil contos para estudos
Das obras para o distrito, a frustração recai
sobre os túneis da Serra da Estrela, a auto-estrada da Beira Interior,
a renovação da linha da Beira Baixa, o Parque Natural da Serra da
Estrela e a Reserva Natural da Malcata.
O investimento para a remodelação da linha da Beira Baixa atinge os 6
milhões e 450 mil contos, levando Serrasqueiro a afirmar que "este
será o ano dos transportes ferroviários na região". No entanto,
este investimento apenas privilegia a ligação até Castelo Branco,
deixando o resto da linha como está.
Se o troço Castelo Branco / Covilhã ainda suporta um adiamento, o
mesmo não se pode dizer em relação à ligação Covilhã / Guarda.
Percorrida por uma velha automotora dos anos 50, que não oferece
qualquer conforto aos passageiros, esta linha ainda tem carris da época
em que foi inaugurada, há quase um século. As estações transformaram-se
em apeadeiros desertos e as pontes, cada vez mais frágeis, impedem o
tráfego de mercadorias e obrigam a velocidades de 20 quilómetros por
hora.
Estão a ser remodeladas 21 automotoras Allan e este troço poderá
receber uma das unidades, mas quanto à revitalização da linha por
enquanto não há planos.
Quanto aos túneis da Serra da Estrela, cujos estudos de viabilidade
foram anunciados pelo ex-ministro do Equipamento, Planeamento e
Administração do Território, João Cravinho, e que vão ligar a
Covilhã a Seia, a Manteigas e a Gouveia, receberam do PIDDAC 400 mil
contos que deverão ser investidos em estudos.
Esses estudos de viabilidade técnica apontarão quais as zonas mais
indicadas para concretizar a obra. Mas o projecto, dada a sua dimensão,
será inevitavelmente lento, sobretudo devido aos trâmites pelos quais
terá que passar, entre os quais estudos de impacto ambiental, que
poderão inviabilizá-lo.
Catarina Moura
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