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CRUP reúne na Covilhã
Orçamento para o ensino superior preocupa reitores
O Conselho de Reitores das Universidades
Portuguesas (CRUP) reuniu durante dois dias na Covilhã. O encontro, nos
passados dias 31 e 1, teve como principal objectivo preparar a reunião
que a Comissão Permanente do Conselho de Reitores teve com o primeiro
ministro, António Guterres, dois dias depois.
A principal questão discutida foi o financiamento das universidades.
Segundo o Reitor da Universidade da Beira Interior (UBI), Santos Silva,
"os financiamentos que foram atribuídos ao ensino superior estão
muito longe de permitirem um normal funcionamento das universidades".
A razão desta insuficiência orçamental prende-se com o aumento dos
salários dos docentes no ano lectivo de 98/99, que não foram
acompanhados por um reforço do orçamento capaz de suportar esses
encargos.
De acordo com a lei de financiamento para as universidades, deve haver
uma distribuição de 80% para salários e 20% para funcionamento, o que
segundo Santos Silva não é possível, pois "nenhuma universidade
consegue cumprir estes rácios". Neste contexto, as universidades
ou pagam os salários, ou pagam as despesas de funcionamento. A
solução alternativa, que tem sido aplicada como modo de colmatar estas
insuficiências, é o recurso ao dinheiro das propinas. No entanto,
"a lei de financiamento das universidades é clara, diz que as
propinas não são para pagar salários, o que actualmente se verifica
em todas as universidades públicas portuguesas", refere o Reitor
da UBI
Júlio Pedrosa, presidente do CRUP, acredita que "o governo deve
procurar em relação ao orçamento das universidades, propiciado pelo
Orçamento de Estado, cumprir aquilo que o modelo de funcionamento
actual prevê", e que, para isso, "terá de haver,
obrigatoriamente, um reforço do financiamento para as universidades".
Autonomia das universidades em debate
Outro dos temas discutidos nesta reunião foi o
documento da proposta de alteração do estatuto de autonomia das
universidades. O CRUP pediu ao Conselho Nacional de Educação (CNE) que
se pronunciasse sobre a lei de autonomia das universidades, uma vez que
houve legislação que a veio complementar.
O que o CRUP pretende é que se façam ligeiras adaptações, ou seja,
que se definam claramente os vários subsistemas que estão actualmente
a operar no país, no domínio do ensino superior. Há um sistema de
ensino público dual, universidades e politécnicos, e há ainda o
ensino privado. Aquilo que o CRUP reclama é que o Governo clarifique o
que pretende de cada um destes subsistemas, para que os mesmos possam
prestar o seu melhor serviço.
Serviços de acção social dividem reitores
A questão do financiamento da acção social
escolar foi outro dos temas debatidos. Uma das fórmulas apresentadas
para esse financiamento foi elaborada em função do número de alunos
inscritos nas universidades. No entanto, nem todos os reitores estão de
acordo com esta decisão. A razão é que há universidades com um
grande número de alunos deslocados e que, consequentemente, recorrem a
estes serviços de acção social. Em comparação, nas universidades
localizadas em grandes centros urbanos, os alunos deslocados são em
menor número, e a procura desses serviços é naturalmente menor.
O que o CRUP pretende é que o financiamento se faça em função da
procura dos serviços de acção social, e não em função do número
de alunos inscritos nas universidades.
Pedro Machado
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