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Rage Against the Machine
The Battle of Los Angeles
A revolução está na ordem do dia -
pelo menos na carreira dos Rage Against the Machine e no imaginário
veiculado pelo letrista e cantor Zack de la Rocha. Mas o título do
disco é enganoso. Na verdade, a revolução por eles apregoada
estende-se bastante para além dos limites de Los Angeles, e mesmo da
Califórnia. Se formos ver bem, ela tem características de epifania
transcontinental: pode ler-se no comportamento dos zapatistas mexicanos
e na figura do seu comandante Marcos; no modo como os «media» fizeram,
ou não, a cobertura da Guerra do Golfo; no caso de Mumia Abu-Jamal, o
jornalista negro que está há anos no corredor da morte; na
possibilidade de utilização perversa da investigação sobre o nosso
património genético; nos anúncios de uma nova ordem mundial; ou até
em fenómenos mais comezinhos da realidade norte-americana, como a
emigração ilegal de trabalhadores mexicanos para a Califórnia. Se
formos ver bem, encontramo-la em todas as canções deste álbum, em
quase todas as frases: «Orwell's hell a terror era coming through/
But this little brother's watching you too»
.
É uma revolução sem projecto aparente
ou ideologia reconhecida, sem militantes organizados nem líderes
acreditados. É uma imagem, uma figura de estilo. Não uma acção, mas
uma reacção. E, para mais, uma revolução que depende do mercado do
entretenimento, e vem fornecer a este mais uma porção do alimento
necessário. Afinal, neste momento em que boa parte do «mainstream»
norte-americano se verga diante de uma sucessão de discos dominados
pela fulgência das guitarras, a intemperança dos ritmos e a virulência
feroz e sincopada das vocalizações - já lhe chamam a corrente
rock-hop -, os Rage Against the Machine distinguem-se dos restantes, não
apenas pela biografia, nem sequer pela inteligência com que elaboraram
este trabalho, mas sobretudo pelo facto de ostentarem «preocupações
sociais e políticas», como se recordava em recente artigo de
Christopher John Farley na Time
.
O «marketing» discográfico precisa de
argumentos de venda, e a revolução, sobretudo quando se diz
permanente, vende-se sempre bem. E portanto é provável que a revolução
por eles propagada, bem como as intenções com que eventualmente o
fazem, se afoguem rapidamente no mar do sucesso. De uma forma ou outra,
eles merecem-no.
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