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Mais três casos de violência policial
Portugal na lista negra da AI
Um cidadão de nacionalidade francesa acusou as
autoridades policiais de uma esquadra do Porto de o terem submetido a
sevícias e violência sexual. A denúncia surge numa altura em que a
há muito abalada imagem das forças policiais portuguesas sofrera mais
um choque, com a recente notícia da morte de dois cidadãos que haviam
passado algum tempo detidos em esquadras da PSP. É assim que a polícia
portuguesa regressa às manchetes dos jornais, ameaçando prolongar
indeterminadamente a permanência de Portugal na "lista negra"
da Amnistia Internacional (AI).
Portugal, país de brandos costumes, ocupou todo o capítulo que o
último relatório publicado pela AI, referente a 1998, dedicou à
violência policial, referindo diversos casos de maus tratos e tortura
que terão acontecido tanto em esquadras policiais como em
estabelecimentos prisionais. A saída do próximo relatório, referente
a 1999, está marcada para Junho e causa expectativa. A violência nas
prisões portuguesas continua e, mais grave ainda, permanece impune.
Impunidade
Em Vale de Judeus, Augusto da Conceição Maia
queixou-se de ter sido agredido por vários guardas prisionais até
ficar inconsciente e de não ter recebido ajuda médica imediata. Detido
no mesmo estabelecimento prisional, Alberico Lopes Correia alegou ter
sido esmurrado e pisado, ficando com o nariz fracturado. Obrigado a
tomar um banho frio, foi deixado inconsciente deitado no chão, a
sangrar do nariz. Posteriormente, o director-geral dos Serviços
Prisionais informou que os inquéritos realizados a estes dois casos
foram encerrados por falta de provas de que tivesse havido conduta
imprópria, por parte dos guardas, contra os prisioneiros.
A impunidade das forças policiais e prisionais é, aliás, comprovada
com vários exemplos no relatório da AI, tais como o caso de um homem
algemado abatido a tiro na esquadra de Matosinhos. O Tribunal condenou-o
a três anos de prisão mas suspendeu-lhe a pena. Posteriormente, o
Supremo Tribunal de Justiça reduziu a pena em dois meses, por
homicídio por negligência.
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