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Norte e Sul
Uma barreira chamada Tejo

Um estudo recente do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) fala de assimetrias entre as zonas norte e sul da capital portuguesa, revelando que as classes médias e altas da Área Metropolitana de Lisboa (AML) se concentram a norte, enquanto na margem sul, meio mais rural, predominam as habitações das classes médias-baixas.

A distinção entre a situação que se vive nas zonas norte e sul da AML é feita na "Tipologia Sócio-Económica da Área Metropolitana de Lisboa", um estudo pioneiro a nível de subsecção estatística lançado na passada quinta-feira, 3, pelo INE, com o patrocínio da Junta Metropolitana de Lisboa.
Para os autores do estudo, a constatação destas assimetrias entre as zonas norte e sul, divididas pelo Tejo, torna-se relevante numa altura em que se discute o papel do rio no desenvolvimento estratégico da AML. O objectivo consensual é que o Tejo funcione como elo de ligação e não como barreira.
Este estudo revelou também que Lisboa tem vindo a perder habitantes. Entre os censos de 1981 e 1991, a capital perdeu 114.543 residentes, quase um quinto da população. Uma tendência que se reforçou a uma média anual de 2.6 por cento até 1997 e que os especialistas atribuem a factores sociológicos de deslocação residencial da Área Metropolitana para as áreas suburbanas, impulsionada pela melhoria das acessibilidades.

Censos de 2001 dão continuidade

A publicação destaca ainda que a expansão urbana nas duas margens do Tejo também apresenta diferenças. A norte, a expansão tem sido mais anárquica; a sul, mais ordenada. A nível de densidade populacional, verifica-se igualmente um desequilíbrio, já que três quartos do total da população residem nos dez concelhos da margem norte e apenas um quarto reside nos nove municípios do sul.
Esta publicação do INE revela ainda que na capital se observa uma relativa abundância de zonas degradadas. Por outro lado, verifica-se que a maioria dos recém-casados não tem meios para se instalar em Lisboa devido ao alevado preço dos alojamentos. Um perfil idêntico é apresentado para os concelhos de Cascais e Oeiras, com uma sobre-representação da classe alta operária.
Esta publicação deverá ter continuidade com um novo estudo a elaborar com base na informação resultante dos Censos de 2001. A continuidade do trabalho permitirá comparar dados e caracterizar o território metropolitano de forma dinâmica e compreender o efeito de infra-estruturas como a ampliação da rede do Metropolitano, a travessia ferroviária da Ponte 25 de Abril, a construção da Ponte Vasco da Gama e os novos terminais de transportes, como é o caso da Gare do Oriente.

 




 

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