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American Beauty - Beleza Americana
EUA 1999 - Realização: Sam Mendes
O ano passado tivemos em duas ou três salas de
cinema no país um filme independente americano chamado Felicidade. Tal
como este fabuloso Beleza Americana, também Felicidade se apresentava
corrosiva, desmontando placidamente os valores da "família"
americana e, porque não, do mundo ocidental tal como o conhecemos. De
certa maneira, American Beauty faz isso de uma maneira mais elaborada,
mais poética também, sem deixar de ser incisiva. Na realidade, e tal
como os "Simpsons", o filme de Sam Mendes (primeiro trabalho
de realização deste cenógrafo inglês, por sinal) teve precisamente
um grande sucesso entre aqueles que são visados pelo filme.
Por outro lado, as semelhanças com outro filme recente, (o que não
implica influência em qualuqer dos sentidos), Clube de Combate, leva-me
a rejubilar pelo tema abordado.
De facto, Felicidade, Clube de Combate e Beleza Americana, imprimem no
espectador uma marca indelével de desconfiança da rotina, de
afastamento da banalidade e sobretudo de vontade de mudar de vida e
mandar o passado às silvas.
Daí que seja perfeitamente natural que um Kevin Spacey em crise de meia
idade decida despedir-se, comprar o carro dos seus sonhos e reencontrar
o sexo, as drogas e o rock&roll, enquanto a sua esposa tenta a todo
o custo manter aparências de normalidade e a filha que a deixem em paz.
A juntar à família disfuncional temos um bairro de subúrbios com um
"marine" tirânico, uma esposa silenciada e um jovem dealer
que prefere ver o mundo através da objectiva de uma câmara de vídeo.
Ao mesmo tempo cáustico e pungente, melancólico e cínico, este "American
Beauty" tem todos os componentes para se tornar o filme de 1999.
Pena é que, provavelmente, não o possamos ver aqui na Covilhã. Para
variar.
Pedro Homero
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