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Colégio de Viseu pondera recuperar hino escrito por Salazar

Queremos ser filhos da Pátria

O Colégio da Via Sacra de Viseu, um dos mais antigos da região centro, está a discutir internamente a possibilidade de recuperar para hino da escola um poema escrito por Salazar.
A hipótese surge apenas porque António de Oliveira Salazar é o autor daquele que foi o primeiro hino desta escola fundada em 1908 por António Barreiros, padre-professor e que viria a ser um dos "mestres" do ditador na sua juventude.
Oliveira Salazar, como refere o "Diário as Beiras" na sua edição de hoje, foi ainda prefeito, com a idade de 19 anos, do Colégio da Via Sacra, depois de ali ser aluno, e foi também quando ocupava este cargo, reservado aquele que foi considerado o "melhor entre os melhores estudantes", que redigiu o poema-hino da escola.
Além de poeta, Oliveira Salazar foi ainda dramaturo e organizou saraus culturais para os alunos.
O actual director do Colégio da Via Sacra, Luciano Marques, disse, depois da publicação da história pelo "Diário as Beiras", que a eventual recuperação do texto para adaptação a hino da escola se insere num contexto de "procura da história do Colégio da Via Sacra de forma a valorizar o presente".

Orientador de vontades

"No entanto, a possibilidade de o texto ser demasiado reaccionário poderá fazer com que o processo de discussão fique pelo caminho", sustentou Luciano Marques, lembrando que "actualmente esta escola faz parte da rede pública do ensino" através de um acordo celebrado com o governo.
"Nós queremos ser filhos/ Da Pátria sem rival/ Queremos a grandeza/ Do nosso Portugal", este é o refrão do hino que pode vir a ser adaptado para os dias de hoje do Colégio da Via Sacra com os responsáveis a pensar numa "pequena alteração" para que deixe de ter
"uma marca tão vincada e tão datada".
Outra das particularidades que Salazar tinha, e que mais tarde, durante o seu "reinado" de 48 anos veio a confirmar, era uma vocação para orientar as vontades como se prova num dos textos por ele escritos no "Echos da Via Sacra", jornal interno desta escola, quando ali foi prefeito aos 19 anos.
"Sabeis, meus amigos, o que é dizer uma falsidade num jornal?", Pergunta Oliveira Salazar, para ele próprio responder: "É envenenar as almas singelas que o creem, é ludibriar os que em nós confiam, é desorientar os que por si não podem averiguar da veracidade de todas as affirmações".
Assim pensava e assim fez: durante quase meio século a censura do Estado Novo tratou de "evitar" que os portugueses, como diz Salazar, fossem "ludibriados", "envenenados" e "desorientados".
"Que respeito, meus amigos, nos não deve merecer a imprensa tão útil e tão prejudicial, e com que cuidado não devemos pensar os nossos artigos e pesar as afirmações que nelles fazemos! Que nunca a nossa penna se deshonre com uma falsidade, nem a nossa bôcca se manche com uma mentira", defendia o prefeito Salazar no jornal do Colégio da Via Sacra, prenunciando aquilo que faria anos mais tarde na condição de "prefeito" de Portugal.

 

 

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