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À sua
chegada, os soldados soviéticos depararam com um espectáculo dantesco:
sete mil prisioneiros exaustos
e doentes, vultos humanos
quase moribundos
que pesavam apenas entre
23 e 35 quilos... |
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Símbolo máximo do Holocausto
Libertação de Auschwitz
foi há 55 anos
Auschwitz, símbolo máximo do Holocausto, voltou a ser lembrado na
passada quinta-feira, dia em que se assinala pelo mundo fora o 55º
aniversário da libertação do campo de concentração nazi pelas
tropas aliadas.
O Campo da Morte, designação insuficiente para definir o local da
maior chacina jamais cometida por seres humanos, foi libertado pelo
Exército Vermelho a 27 de Janeiro de 1945, "um bonito dia de
inverno em que brilhava o sol", como recordou um dos sobreviventes.
A sua chegada, os soldados soviéticos depararam com um espectáculo
dantesco, sete mil prisioneiros exaustos e doentes, vultos humanos quase
moribundos que pesavam apenas entre 23 e 35 quilos, e lhes davam vivas
de gratidão.
No gigantesco recinto do campo de concentração, que poucos dias antes
ainda era guardado por seis mil homens de 12 companhias das SS, a tropa
de choque de Hitler, havia centenas de cadáveres que os nazis não
tinham conseguido fazer desaparecer antes da sua precipitada fuga.
Os fornos crematórios, onde as SS mandavam queimar os corpos dos
prisioneiros enviados para as câmaras de gás, fuzilados ou mortos à
fome, tinham sido dinamitados, muitos documentos das SS destruídos e
vários armazéns incendiados, numa tentativa derradeira dos carrascos
para apagar os vestígios dos seus crimes.
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Nos armazéns do campo de concentração havia sete toneladas de cabelo
humano, 348.820 fatos de homem e 836.525 vestidos de mulher, além de
montanhas de sapatos, óculos, próteses, brinquedos de criança e
outros objectos que tinham pertencido às vítimas.
O cabelo humano era utlizado depois em fábricas para fazer meias para
as tripulações de submarinos ou para trabalhadores dos caminhos de
ferro, para cabos de navios ou para encher colchões.
De acordo com a maioria dos historiadores, ao todo morreram em Auschwitz
cerca de 1,5 milhões de pessoas, entre 1940 e 1945.
Os nazis só começaram a abandonar Auschwitz a 17 de janeiro de 1945,
quando as suas tropas já não eram capazes de travar a ofensiva do
Exército Vermelho, lançada depois da derrota alemã na Batalha de
Estalinegrado, que terminou em Fevereiro de 1943.
Na retirada, as SS levaram de Auschwitz 58 mil prisioneiros para uma
"marcha da morte" em direcção ao ocidente.
As tropas aliadas que ocuparam o campo não conseguiram adivinhar logo
as dimensões da gigantesca e sistemática indústria da morte montada
ao pormenor pelos nazis, sob as ordens do comandante supremo das SS,
Heinrich Himmler.
Rudolf Hess, o comandante de Auschwitz enforcado diante dos fornos
crematórios em Abril de 1947, depois de ter sido capturado quando se
fazia passar por um cidadão inglês, gabava-se de ter montado "a
maior máquina de extermínio de seres humanos de todos os tempos".
Numa longa lista de localidades tomadas pelas tropas soviéticas
publicada pelo "New York Times", o nome de Oswiecim
(Auschwitz, em Polaco), surgia apenas entre muitas outras, sem qualquer
referência especial aos horrores que ali tinham acontecido.
Apenas a 60 quilómetros de Cracóvia, a segunda maior cidade polaca, o campo de concentração de Auschwitz, o campo de extermínio de Birkenau
e o campos de trabalho de Monowitz, onde estava a fábrica da IG Farben,
pertenciam ao mesmo complexo, e eram o núcleo da "solução
final", expressão utlizada pelos nazis para designar o extermínio
total dos judeus.
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Nos armazéns do campo de concentração havia sete toneladas de cabelo
humano, 348.820 fatos de homem e 836.525 vestidos de mulher, além de
montanhas de sapatos, óculos, próteses, brinquedos de criança e
outros objectos que tinham pertencido às vítimas.
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Até ao último momento, os nazis tentavam fazer crer aos condenados à
morte que os estavam a enviar apenas para o duche, chegando ao ponto de
colocar placas no trajecto para as câmaras de gás a dizer "casa
de banho", "desinfecção", e "limpeza tráz
liberdade, e um piolho pode matar".
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Em Auschwitz não foram assassinados apenas judeus, mas também
cristãos polacos, prisioneiros de guerra soviéticos, ciganos e até
alemães condenados por delitos comuns.
Logo após a sua chegada a Auschwitz-Birkenau, encafuados em carruagens
feitas para transportar gado, os prisioneiros eram inspeccionados
sumariamente por oficiais e por médicos das SS, que escolhiam os mais
robustos para os campos de trabalho e enviavam os restantes para as
câmaras de gás.
Cerca de 75 por cento dos prisioneiros eram logo enviados para a morte,
entre eles muitas mulheres, crianças, idosos e deficientes.
Até ao último momento, os nazis tentavam fazer crer aos condenados à
morte que os estavam a enviar apenas para o duche, chegando ao ponto de
colocar placas no trajecto para as câmaras de gás a dizer "casa
de banho", "desinfecção", e "limpeza tráz
liberdade, e um piolho pode matar".
Para inspirar confiança às vítimas, as SS recorriam á ajuda forçada
de prisioneiros que falavam a língua dos recém-chegados e procuravam
tranquilizá-los, dizendo-lhes, por exemplo, para se despirem mas para
tomarem conta do sítio onde deixavam as roupas.
Depois metiam-nos num grande recinto semelhante a um balneário, onde
cabiam perto de duas mil pessoas, fechavam rapidamente as portas e
infiltravam através dos falsos chuveiros ou de buracos nas paredes o
gás letal Zyklon B.
Cinco a sete quilos deste produto fabricado pela firma alemã Degesh
chegavam para matar cerca de 1500 pessoas em apenas 20 minutos. Só
entre 1942 e 1943, foram gastas em Auschwitz-Birkenau cerca de 20
toneladas de Zyklon B.
Na Primavera e no Verão de 1944, havia 405 mil prisioneiros registados
no campo de concentração, e eram mortas 10 mil pessoas por dia nas
câmaras de gás, cujas chaminés eram "o único caminho para sair
de Birkenau", como os guardas nazis diziam cinicamente.
Mas quando os fornos crematórios deixaram de dar vazão ao elevado
número de corpos, estes passaram a ser também queimados ao ao livre,
em piras humanas.
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A maioria dos prisioneiros condenados a trabalhos forçados em
condições infra-humanas acabavam também por morrer de fome ou de
doença, e os que eram escolhidos para cobaias dos médicos nazis,
chefiados pelo famigerado Joseph Mengele, tinham um destino ainda mais
cruel.
Mengele, que conseguiu escapar à justiça, e morreu no Brasil, muitos
anos depois de terminada a guerra, utilizava nas suas pesquisas "científicas"
destinadas a provar a "superioridade" da raça ariana gémeos,
anões, crianças de raça cigana e deficientes, e matava depois as suas
cobaias com injecções de fenol, antes de as autopsiar.
O "Anjo da Morte" gostava de inventar jogos macabros em que as
peças eram as suas vítimas. Uma vez fez passar 200 crianças diante de
uma marca colocada a determinada altura, e mandou depois matar todas as
crianças que eram mais baixas do que a fasquia.
Um dos maiores projectos dos médicos de Auschwitz, que nunca chegou a
concretizar-se, foi tentar criar, com recurso à esterilização
forçada de mulheres judias, um método que permitisse exterminar
nações inteiras.
Hoje em dia, os campos de Auschwitz e Auschwitz-Birkenau são museus
abertos ao público, para que perdure na memória dos povos "o
maior e mais horrível crime cometido na história do mundo", como
disse o primeiro ministro britânico Winston Churchill.
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Um dos maiores projectos dos médicos de Auschwitz, que nunca chegou a
concretizar-se, foi tentar criar, com recurso à esterilização
forçada de mulheres judias, um método que permitisse exterminar
nações inteiras.
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