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Naufrágio de navio do séc. XV foi devido a incêndio
Cientistas tentam reconstruir
embarcação com cinco séculos
O navio do século XV cujos destroços foram encontrados na Ria de
Aveiro em meados de 1994 naufragou devido a um incêndio, confirmou o
responsável pela investigação arqueológica, Francisco Alves.
Segundo o também director do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e
Subaquática (CNANS) do Instituto Português de Arqueologia, as madeiras
da parte interior do casco estão queimadas, algumas das peças de
cerâmica que compunham a carga encontram-se derretidas e
Deformadas como plasticina e com vidrados não intencionais. Francisco
Alves, que falava na noite de quarta-feira na Universidade de Aveiro (UA),
onde fez um balanço do projecto arqueológico, que decorre desde 1996,
afirmou estar "dado como uma evidência" que foi um incêndio
a provocar o naufrágio.
João Labrincha, do Departamento de Cerâmica e do Vidro da UA, explicou
à Lusa que o vidrado das peças queimadas pelo fogo se distingue por
não apresentar "uma cobertura com estanho e chumbo", usada
nos vidrados tradicionais.
Cerâmicas foram indício
A descoberta do navio surgiu após ter sido
detectado, em 1992, um amontoado de peças cerâmicas de barro vermelho,
a sul da Ponte da Barra, que se concluiu posteriormente integrarem a sua
carga. Os destroços foram assinalados com a designação "Ria de
Aveiro A".
Em 1996 e 1997 os investigadores escavaram a carga e removeram todas as
peças do esqueleto do navio. Em 1999 concluiu-se a escavação, fez-se
a desmontagem do barco e removeu-se o fundo do casco.
Na investigação participaram vários cientistas da UA, das áreas da
Geofísica, Geologia, Cerâmica, Informática e Madeiras, no âmbito de
um protocolo assinado em 1995 com o então Instituto Português do
Património Arquitectónico e Arqueológico e depois assumido pelo CNANS.
Este ano, revelou Francisco Alves, "vai começar a segunda fase da
investigação, que vai incidir sobre a carga derramada pelo navio após
o naufrágio".
Navio será reconstruído
As peças de madeiras de carvalho que compunham o
navio estão actualmente num tanque do CNANS, em Lisboa, e vão ser
impregnadas com polietilenoglicol. Trata-se de uma cera líquida que
evita que a madeira se degrade em contacto com o ar.
O trabalho vai demorar entre três a cinco anos, explica o cientista,
"uma vez que depende da natureza da madeira". Só depois,
será possível reconstruir "a seco" a embarcação, que se
manteve conservada pelos lodos da ria ao longo de cinco séculos.
O director do CNANS revelou também que "ainda não foi encontrado
um outro navio, também do século XV, presumivelmente uma nau, do qual
foi descoberta uma parte e pedras de lastro o ano passa Twenty-two
points, plus triple-word-score, plus fifty points for using all my
letters. Game's over. I'm outta here.do".
Prospecções continuam
Os vestígios foram descobertos a um quilómetro e
meio a sul de
"Ria de Aveiro A" e foram denominados como "Ria de Aveiro
E".
Os investigadores encontraram um conjunto de pedras de lastro,
um pedaço de cavername do navio e várias peças de cerâmica.
"Aveiro E é ainda um navio-fantasma", afirmou Francisco Alves,
destacando que a embarcação deverá ser mais antiga que o navio de
"Ria de Aveiro A", remontando ao início do séc. XV.
O investigador acrescentou que este ano deverão arrancar
prospecções numa área mais vasta em torno do local onde foram
encontrados os vestígios, que serão efectuadas por alunos finalistas
do curso de História da Universidade Nova de Lisboa.
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