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Projeto CROP prevê revolução no mundo da aviação
Rodolfo Pinto Silva · quarta, 24 de dezembro de 2014 · @@y8Xxv Uma aeronave poderá ser equipada no futuro com ciclorotores, de acordo com as conclusões de um projeto desenvolvido pela UBI juntamente com cinco parceiros europeus. Maior manobrabilidade e redução de consumo são duas grandes vantagens deste sistema. |
Projeto CROP mostrou cientificamente que se pode avançar para uma nova tecnologia no mundo da aviação |
21973 visitas A Universidade da Beira Interior (UBI) foi líder de um projeto de investigação financiado pela Comissão Europeia cujos resultados podem significar uma revolução no mundo da aviação. CROP – Cycloidal Rotor Optimized for Propulsion é como se designa o projeto que juntou seis entidades de cinco países europeus e que concluiu que é possível equipar veículos aéreos de transporte de passageiros ou carga com um sistema de propulsão baseado na arquitetura ciclorotor, em lugar dos tradicionais modelos de propulsão de aeronaves. O grande resultado dos estudos efetuados é a criação de uma base científica que mostra como este sistema funciona e pode vir a ser adotado na indústria aeronáutica. O projeto durou dois anos e não só estabeleceu as bases científicas como testou as conclusões. O consórcio constituído pela UBI, Universidade de Modena e Reggio Emilia, Politécnico de Milão (Itália), Universidade de Sheffield (Reino Unido) e as empresas IAT21 (Áustria) e Grob Aircraft (Alemanha) construiu um protótipo que, apesar de ter voado apenas alguns segundos, mostrou o potencial do sistema. Um veículo que venha a usar esta tecnologia poderá, antes de mais, descolar e aterrar na vertical – até em planos inclinados – e rodar facilmente a 360 graus. Relativamente aos helicópteros convencionais, por exemplo, apresenta uma desvantagem que até acaba por ser mitigada. “Consome mais 30 por cento de combustível a levantar, mas depois gasta menos 75 por cento durante o voo, permitindo ganhos. Se pensarmos num voo de 20 minutos, a vantagem é mais do que que óbvia”, explica José Páscoa, chefe do projeto CROP.
RESULTADOS ELOGIADOS EM BRUXELAS Depois de 24 meses de “trabalho intenso”, como classifica o docente da UBI, acompanhado da apresentação do projeto em certames internacionais ligados à aeronáutica e publicação de artigos nas melhores revistas científicas do ramo, na última semana os elementos do consórcio foram a Bruxelas mostrar os resultados à Comissão Europeia, que financiou o CROP. As conclusões agradaram aos responsáveis da União Europeia que se comprometeu a financiar a ida ao Aerodays 2015, em Londres, em outubro do próximo ano. “Conseguimos passar a um tal nível de maturidade tecnológica que a própria Comissão Europeia reconhece que as companhias podem começar a investir, porque está demonstrada a parte científica de base”, explica José Páscoa. Isto porque o sistema cicloidal, sendo uma ideia que remonta à década de 1920, ainda não tinha encontrado o “seu tempo certo”. Atualmente, com os novos materiais e as capacidades de processamento informático, é possível projetar estas máquinas. E a UBI demonstra que não está atrás neste caminho de inovação. “No centro de investigação que reúne docentes de aeronáutica e eletromecânica ClusterDEM temos um computador com cerca de cem processadores que faz precisamente o cálculo numérico de elevado desempenho para este tipo de dispositivos. Isto é uma capacidade que não existia há 10 anos, a não ser com custos muito elevados”, explica o também pró-reitor da UBI, acrescentando que a “Universidade se bate em pé de igualdade com qualquer outra instituição a nível mundial nesta área”. Ainda assim, o trabalho desenvolvido no âmbito do CROP é o único desenvolvido a nível europeu e um dos três em todo o mundo. Nas universidades de Singapura e Estados Unidos fazem-se estudos com ciclorotores, mas em veículos não tripulados, tradicionalmente designados de drones. No consórcio liderado pela UBI, no entanto, pensa-se num veículo de transporte, apesar dos sistemas terem outras aplicações, como dispositivos a integrar em helicópteros “para melhorar o seu comportamento”, ou até para a produção de energia eólica, “com vantagem nos locais onde há uma grande variação de vento”, refere ainda José Páscoa. Na UBI, que contribuiu, entre outras coisas, com o desenvolvimento de atuadores de plasma, a intenção é continuar a trabalhar nesta área com os parceiros do CROP. “Temos a perspetiva de continuar a desenvolver esta tecnologia. As próprias empresas que participaram connosco no projeto também estão a investir e se tudo decorrer de com acordo com aquilo que nós esperamos, penso que antes de 20 anos conseguiremos ter veículos destes a circular”, segundo José Páscoa, admitindo que o tempo para que isso aconteça poderá ser menor. |
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