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"Foi importante entrar na equipa da AAUBI e continuar na natação competitiva"
Rodolfo Pinto Silva · quarta, 27 de agosto de 2014 · @@y8Xxv Henrique Neiva, aluno de doutoramento em Ciências do Desporto na Universidade da Beira Interior (UBI), teve uma época para recordar pelos melhores motivos. O campeão universitário de natação nos 50 e 100 metros bruços fala da experiência na modalidade, de como foi recebido na equipa da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI) e de estudar na UBI. |
Henrique Neiva. Depois de mais de duas décadas dedicadas à natação de clubes, compete agora, com sucesso, pela formação da AAUBI |
21982 visitas – Depois de quatro vítorias conquistadas nos campeonatos universitários, certamente que o balanço da temporada 2013/14 é positivo. Perspetivava um sucesso desta dimensão? – Sim, de facto o balanço da época, com os quatro títulos nacionais universitários [vitórias nos 50 e 100 metros bruços em pista de 25 metros (com recorde nacional), em janeiro, e nas mesmas distâncias, mas em piscina da 50 metros, em junho], pode dizer-se que foi bastante positivo. Esta foi a primeira temporada em que a modalidade de natação pôde ter dois campeonatos nacionais universitários, um de piscina curta e um outro em piscina longa. Desta feita, e apesar de termos planeado para dois momentos importantes de forma, não sabíamos ao certo como iria correr. Os nacionais de piscina curta foram um importante momento de motivação para a restante época e felizmente tudo correu pelo melhor.
– Como tem sido a integração da equipa da AAUBI? – Tem sido muito boa. Fui muito bem recebido por todos os elementos, desde a parte administrativa aos responsáveis pela equipa e mesmo colegas. Apesar de eu ter vindo do ‘exterior’ desta instituição, todos os elementos foram atenciosos e senti-me imediatamente integrado e como elemento de uma grande família que luta por dar a melhor visibilidade à Universidade. Fico ainda contente pela evolução que tem sido conseguida e que se reflete nos resultados desportivos que têm vindo a ser alcançados pelos que representam a AAUBI. Aproveito para deixar os meus parabéns a todos.
– A AAUBI também reconheceu o seu esforço, com a atribuição do Prémio Percurso Desportivo, na última Gala do Desporto. Deixou-o satisfeito? – Em primeiro lugar, gostava de agradecer a todos pela atribuição deste prémio. Esta distinção vem premiar o trabalho realizado diariamente na prática de um desporto que é individual, mas também deve premiar um conjunto de pessoas que tornam esta prática possível ao mais alto nível. Entre estes, está certamente o departamento de Ciências do Desporto, a AAUBI e a Universidade, sendo que os resultados conseguidos nesta carreira enquanto nadador universitário só foram possíveis com a conjugação de todos os esforços. É para mim uma honra representar esta instituição, e fá-lo-ei sempre com gosto e com o máximo empenho possível.
PRIORIDADE À CARREIRA ACADÉMICA – Como é o seu quotidiano enquanto desportista? – Habitualmente diz-se que ‘quem corre por gosto, não cansa’. Mas estaria a mentir se dissesse que o quotidiano de um desportista não é algo bastante duro e cansativo. Posso dizer que, em semanas de preparação intensiva, podem chegar aos 10/11 treinos por semana em água, além dos treinos fora de água, em seco, umas três vezes. Assim, é fácil depreender que temos que fazer mais do que um treino por dia, com durações entre uma hora e meia e duas horas cada um. Da parte da manhã, podemos treinar às 6h30 ou 7h30, dependendo do dia. Da parte da tarde às 18h45/19h00. Nos dias em que é feito o treino em seco, é realizado durante o dia, após o treino de água matinal ou antes do treino de tarde. O resto do dia é passado entre os estudos, obrigações profissionais e descanso. Atualmente, e devido a todas as tarefas e obrigações que tenho, o meu plano de treinos abrandou consideravelmente, sendo que a conclusão do doutoramento é a prioridade.
– Em Portugal há boas condições para o treino e prática da natação? – Esta é uma pergunta em que poderia divagar por muitos conteúdos e penso que sairia do âmbito desta entrevista. De forma sucinta, e sem me querer alongar em demasia, se nos restringirmos às condições materiais, posso dizer que, hoje em dia, Portugal tem piscinas suficientes para o treino e prática de natação competitiva. No entanto, as condições não devem ser restritas aos espaços existentes. O conhecimento técnico e científico existe, sobram algumas perguntas que podem ser deixadas no ar... Será que existe disponibilidade por parte destes espaços para serem ocupados pelo treino e competição? E em relação ao apoio e acompanhamento dos media, dos governos locais, regionais ou nacional, ou mesmo de algumas instituições de ensino.... Será que existem condições ‘imateriais’ por esse Portugal fora, de modo a podermos formar nadadores que possam competir em condições de igualdade com os outros países? Ainda assim, deixo ainda uma nota positiva, referindo que algumas universidades têm assumido um papel de proximidade em relação à prática ao mais alto nível, apoiando os nadadores na sua avaliação e disponibilizando meios materiais e humanos para melhorar o rendimento dos mesmos. Muito há ainda a fazer neste caminho, mas já estão a ser dados os primeiros passos.
– Que ambições tem na natação em termos de carreira futura? – Neste momento, posso dizer que estou numa fase de manutenção, em que procuro conciliar da melhor forma o doutoramento, a investigação e o futuro profissional, com a carreira de natação universitária. Chegamos a uma fase da nossa vida em que temos de optar e assumir a prioridade da vida profissional futura. Depois de 20 anos de carreira competitiva em natação pura desportiva, em que vários títulos e prémios foram conseguidos, a minha vida académica e profissional assumiu preponderância. Por isso, para mim foi muito importante poder entrar na equipa de natação da AAUBI e, desta forma, poder continuar com a minha carreira em natação competitiva, permitindo também o envolvimento com outros estudantes e elementos da academia ubiana. E, aqui, podem estar certos de que procurarei dar o meu melhor contributo para dignificar o nome da instituição.
SATISFEITO COM ESCOLHA DA UBI – Porquê a escolha da UBI para prosseguir os estudos de terceiro ciclo? – Para esta escolha tenho que realçar a importância que teve o professor Daniel Marinho, que me deu a conhecer o trabalho que vinha a ser desenvolvido pelo Departamento de Desporto da UBI, integrado num dos melhores centros de investigação desta área, o CIDESD. Todo o desenvolvimento deste Departamento nos últimos anos e os projetos que têm vindo a ser desenvolvidos foram causas motivadoras desta escolha, com o acréscimo de que eu já conhecia o trabalho de topo realizado na área da investigação pelos que são agora meus orientadores, os professores Daniel Marinho e Mário Marques.
– A UBI tem correspondido às expectativas? – Sim, sem dúvida. A experiência tem sido enriquecedora e tenho aprendido bastante na área da investigação e, de forma ainda mais específica, na área da natação. Mas, além desta experiência formativa, posso dizer que, mesmo em termos de apoio em relação a qualquer necessidade do aluno, tenho vindo a ficar agradavelmente surpreendido com a disponibilidade e atenção sempre demonstrada. Fico bastante contente pela escolha que fiz e sei que foi acertada.
– Qual o tema da investigação que está a elaborar? – A investigação levada a cabo tem como tema principal o estudo do efeito do aquecimento no rendimento em natação pura desportiva. Com este tema, procuramos perceber algo em que a investigação é escassa e o conhecimento ambíguo. A verdade é que, na grande parte dos desportos, o aquecimento é tido como fundamental e uma prática necessária para obter o melhor rendimento. No entanto, esta é uma ‘verdade’ obtida mais por ‘tentativa e erro’ por parte dos treinadores e desportistas, do que por factos científicos. Além destas evidências científicas serem vagas e ambíguas no que se refere ao efeito do aquecimento, as práticas a realizar durante o mesmo e que serão as mais indicadas são também elas desconhecidas. É por isso uma área fascinante, com bastante por descobrir e compreender e sobre a qual estamos empenhados, procurando de alguma forma contribuir para o desenvolvimento e aperfeiçoamento das práticas realizadas neste campo.
Perfil - Henrique Neiva: Com a Selecção Nacional no currículo
[Texto corrigido às 19h15 de 28 de agosto de 2014] |
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