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Miguel Pereira abre "contraDANÇA"
Liliana Santos · quarta, 6 de novembro de 2013 · Continuado O que de melhor se faz na arte contemporânea performativa vai estar em destaque entre os dias 23 de outubro e 10 de novembro, na região da Cova da Beira. No primeiro dia do evento cultural subiu ao palco um dos maiores nomes do movimento contemporâneo nacional. |
Miguel Pereira a interpretar uma cena da peça "Miguel meets karima". Foto cedida por Cristiana Borges |
21967 visitas A sexta edição do "contraDANÇA", um dos principais festivais de dança e movimento performativo contemporâneo em Portugal, arrancou na noite de quarta-feira, 23 de outubro. A peça de abertura do festival foi exibida pelas 21h30 e levou ao Teatro Municipal da Covilhã cerca de 50 pessoas para assistir a "Miguel Meets Karima", do coreógrafo português Miguel Pereira. A peça faz parte de um projeto de colaboração com a bailarina e coreógrafa egípcia Karima Mansour, intitulado "Karima meets Lisboa meets Miguel meets Cairo", que estreou no Festival de Alkantara em Junho de 2006. "Miguel meets Karima" conta a história do desencontro entre os dois bailarinos, ele de Lisboa, ela do Cairo, que tentaram trabalhar juntos numa produção performativa, mas sem sucesso. Ambos não conseguiram ultrapassar as diferenças culturais e pessoais que os afastavam e a difícil relação entre os dois é relatada ao longo da peça. No final, os dois artistas acabam por trabalhar em dois solos separados. O monólogo com duração aproximada de 40 minutos põe em cena Miguel Pereira com um figurino que, segundo o intérprete, "simboliza a ausência de Karima": vestido de negro, com uma saia e uma peruca, apresenta através da voz e do movimento corporal um relato do falhado processo criativo com Karima Mansour. Miguel Pereira esclarece que este produto cultural pode ser entendido como um espectáculo de dança, diferente do convencional: "No fundo isto pode ser entendido como uma espécie de coreografia se fizéssemos um espectáculo mudo. Como não há imagem e é uma espécie de sombra, o texto é uma projecção quase oposto do que é o movimento", sublinha o intérprete. O coreógrafo português sublinha acrescenta ainda que enquanto criativo tem uma visão diferente do que deve ser a dança: " A dança não tem de ser só aquilo que se convencionou que é a dança: uma espécie de código e movimentos que se reproduzem e que a gente reconhece. Eu gosto de confrontar o espectador com aquilo que é o limite do que é que pode ser a dança". Miguel Pereira optou por interpretar a peça exclusivamente em inglês. "Decidi manter a língua que eu mantinha sempre durante estes encontros com a Karima", esclarece o coreógrafo. Acrescenta ainda que apresenta a peça numa língua estrangeira pois o objetivo é fazer "uma crítica implícita ao inglês como uma língua que se tornou quase imperialista". Para Sérgio Novo, presidente da ASTA, qualquer produto artístico deve ser acessível a todas as pessoas e a sua democratização é um dos principais objetivos do evento: "É uma forma de aproximar a arte contemporânea a todo o tipo de públicos, desmistificar ideias e preconceitos, porque a dança contemporânea, a performance ou outro tipo de manifestação artística desta área são só para um público específico, para uma elite". Sérgio Novo sublinha ainda que há uma desigualdade entre os espectáculos apresentados na Capital e aqueles que estão em cena no Interior: "Hoje em dia diz-se que o interior é igual à Capital. Quem cá vive tem noção que as coisas não são bem assim. Apesar de tudo, Lisboa ainda continua a ser Portugal e o resto é paisagem. Este festival poderia acontecer em qualquer outra parte. A importância entre ser feito aqui ou em Lisboa é que na Capital seria mais um, aqui é único. Se não fosse este festival há todo um conjunto de espectáculos e artistas que as nossas gentes não teriam acesso".
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