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"Ficar a ver navios"
Ângela Oliveira e Regina Henriques · quarta, 13 de mar?o de 2013 · Continuado
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21980 visitas A expressão “ficar a ver navios”, utilizada para exprimir uma espera infrutífera está intimamente ligada à história de Portugal. Tendo dado origem a várias interpretações, no seu Glossário Crítico de Dificuldades do Idioma Português, Vasco Botelho de Amaral (1912-1880) reuniu as três teorias mais plausíveis. A expressão fazia alusão aos armadores portugueses que nos séculos dos descobrimentos ficavam no alto de Santa Catarina em Lisboa, esperando as caravelas que vinham do novo mundo. Mais improvável que a primeira, o autor indicaria ainda a hipótese de um certo milionário portuense ter assistido da Torre da Marca à destruição de toda a sua frota por causa de uma violenta tempestade. Outra das hipóteses teria a ver com ânsia dos portugueses pelo regresso do “desejado” Rei D. Sebastião que desapareceu em combate na Batalha de Alcácer-Quibir. Da vanidade da espera terá surgido a expressão “ficar a ver navios”. “Fazer tijolo” foi outra expressão que segundo Orlando Neves, no Dicionário das Expressões Portuguesas, nasceu da história nacional. Depois do terramoto de 1755 e aquando as reconstruções da cidade de Lisboa, a argila escasseava e uma das soluções foi a exploração do solo de um antigo cemitério árabe. A mistura da argila com os ossos foi utilizada para o fabrico de tijolos, e daí a expressão atual. |