Jornal Online da UBI, da Região e do RestoDirectora: Anabela Gradim |
Ainda há consumidores de proximidade
Andrea Ribeiro e Joana Gabinete e Ignacio Mateo e Liliana Santos e Célia Fonseca · quarta, 19 de dezembro de 2012 · Continuado Até chegarem as grandes superfícies, o comércio tradicional aqui na Covilhã era lindo, afirma Teresa Fazenda, de 64 anos, na sua casa simples mas acolhedora. Ex- empregada auxiliar num banco, hoje reformada, Teresa continua a frequentar a praça e as pequenas lojas onde mantém uma boa relação com os comerciantes, que acha fazerem um melhor atendimento. É essa velha confiança que ainda a leva a receber o pão à porta de casa. |
O casal de idosos continua fiel ao comércio tradicional |
21977 visitas Teresa e o marido, António Torrão, operário reformado, [Foto 3] contam que ainda podem optar pela qualidade dos produtos. Mas cortam na quantidade. “Os pobres também podem comer bem. Se nós, os pobres, não comermos bem, morremos”, diz António. Neste Natal optaram por fazer alguns cortes nas prendas e na ceia, mas mantendo a qualidade habitual. Nem todos os clientes continuam a ir à praça com a mesma frequência de outrora. Quem hoje frequenta o mercado municipal da Covilhã olha com uma certa nostalgia para o espaço. O que era o ponto de referência do comércio tradicional na cidade, com três andares lotados de comerciantes e consumidores, está hoje reduzido a um único andar. José Correia, covilhanense reformado, recorda com saudades esse tempo: “não se podia aqui andar, era pior que as formigas”. Surpreendido por ver caras novas, João Garcia Vicente, cliente de longa data do mercado, junta-se à conversa acerca do estado do pequeno comércio. “Os pequeninos morreram porque não têm possibilidade de fazer concorrência aos grandes”, afirma com mágoa na voz. Enquanto consumidor, salienta que a qualidade e a frescura dos produtos é uma das principais vantagens do pequeno comércio. “No que diz respeito aos alimentos, às hortaliças, às carnes, aqui é muito melhor. Tudo aquilo que for comprado e consumido num prazo de 24 horas, tem outro sabor”, afirma com um sorriso ao contemplar os produtos agrícolas na banca. Mas João Vicente não esconde que os grandes sortidos de produtos, o estacionamento gratuito e a abertura das lojas até tarde são algumas das vantagens aliciantes que as grandes superfícies oferecem, e com as quais as pequenas lojas não podem competir. Os consumidores que frequentam o pequeno comércio são atraídos por outros fatores. Um grande número de estudantes universitários moram na zona antiga da Covilhã e não têm carro. Procuram lojas de proximidade, das quais acabam por se tornar clientes. Mas também afirmam que fazer compras num minimercado, consoante as necessidades diárias, lhes permitem aforrar mais do que quando compram nas grandes superfícies. E há as lojas de produtos tradicionais e os antigos ofícios, que tentam recuperar o futuro. [Voltar] |