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Do ver ao fazer
Carolina Branco Reis · quarta, 21 de novembro de 2012 · Continuado Deixámos de receber conteúdos para passar a interagir com eles. Esta foi uma das mudanças que a introdução de tablets e smartphones no mercado trouxe para a indústria de conteúdos, referiu Juan Miguel Aguado na primeira apresentação da Conferência Internacional de Jornalismo e Dispositivos Móveis. |
Juan Miguel Aguado falou sobre as mudanças na indústria de conteúdos |
21960 visitas “Um filme de terror”. Foi assim que Juan Miguel Aguado começou por descrever a mudança que a indústria de conteúdos atravessa em que gigantes como a Google, a Apple, o Facebook e a Amazon se apresentam como vilões e em que a indústria de conteúdos tradicional é a vítima. No epicentro do “filme” estão os tablets e os smartphones, que motivam as mudanças de mercado relativas à produção, distribuição e receção de conteúdos mediáticos: "As comunicações móveis determinam, atualmente, o horizonte, a tendência e a velocidade das transformações no ecossistema do conteúdo digital”, afirma o professor da Universidade de Múrcia. Esta condição levou a uma mudança de época a que Aguado chama de Era Pós-PC, adotando o termo cunhado por Steve Jobs, acrescenta. Os dispositivos móveis apresentam-se como motores de uma nova revolução na forma de comunicar e na forma de transmitir e consumir conteúdos, marcando a diferença por um conjunto de características com que os outros meios não podem competir, desde a mobilidade, à velocidade na realização de operações e à utilização personalizada. Um dos exemplos dados por Juan Miguel Aguado é o caso do acesso ao correio eletrónico, em que é mais rápido ligar o aparelho móvel, cujo arranque é automático, e aceder através de uma aplicação, do que ligar o computador e esperar que o sistema operativo carregue, abrir o browser e só depois aceder ao e-mail. O que realmente provoca a mudança é a personalização de utilização que os tablets e que os smartphones permitem. Aguado explica que antes do aparecimento dos dispositivos móveis, a maioria dos aparelhos de consumo de conteúdos eram partilhados. Aliando esta condição à mudança do perfil dos utilizadores, que deixarem de ser meros recetores e passaram a consumir os produtos mediáticos como forma de expressão e interação social, percebe-se o porquê da reviravolta que os smartphones e os tablets trouxeram à indústria de conteúdos. “Já não consumimos conteúdos só por consumir, mas esse conteúdo faz parte da nossa vida social”, diz Juan Miguel Aguado. Por um lado, o conteúdo deixou de ser o final da cadeia de consumo e o utilizador reclamou o seu lugar, criando uma “Egosfera”, como diz o professor espanhol. Por outro lado, o consumo individual de conteúdos permitiu aos produtores e distribuidores fazer uma monitorização dos interesses e do que capta a atenção do consumidor. A exposição de Juan Miguel Aguado foi intitulada de "Las industrias de contenido en la era post-pc: horizontes, amenazas y oportunidades" e feita com base no projecto Mobile Media Research, da Universidade de Múrcia. |