No centro antigo da cidade, longe do ambiente fabril, muitas casas também traduzem a decadência e encontram-se em elevado estado de degradação. Aqui, além dos operários, viviam as famílias ricas da cidade, muitas delas proprietárias das fábricas dos lanifícios. Hoje, a dualidade entre o antigo e o moderno está também presente por aqui. Num dos recantos do centro histórico da cidade, ouve-se jazz. As pessoas conversam alegremente num momento descontraído. Estamos no coração da Covilhã, noutro espaço peculiar com interesse cultural, que conquista primeiro o olhar e depois o paladar. Aqui passa-se sem pressa, com tempo para disfrutar dos encantos da vida e da cidade que tem cheiro a serra.
Encontramo-nos num edifício residencial com mais de um século de vida, cuja história se funde com a de uma cidade marcada pelo poder de uma burguesia industrial ativa noutros tempos. As paredes exteriores, hoje pintadas de cinzento escuro, iluminam a Travessa de São Tiago, chamando a atenção por entre as imensas casas em ruínas. O portão branco abre-se para o pátio onde se escuta música e água a correr no tanque onde outrora se lavava a roupa. Todos os elementos, incluindo máquinas de costura e um pequeno tear, adquiriram contornos modernos e sofisticados, mantendo fiel a memória da indústria dos lanifícios. Quem passa é convidado a entrar, sentar-se e ficar.