Fotografia, o que és?
O que mudou?

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Essencial parece sê-lo. Não só a fotografia, como o vídeo. Afinal de contas, não há quem não lhes dê uso, seja para trabalho, seja como hobby. E na era das redes sociais isto é ainda mais acentuado. Pedro, Edgar e Tiago fazem, essencialmente, fotografias/vídeos de família e de casamentos, o que também vai ainda acontecendo na Foto Académica e na ILFoto. Eternizar o que não é eterno é o objectivo de quem trabalha com a imagem e o pedido de quem contrata os profissionais da área.

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“Tem várias funções, como a de memória, que é o cliché. E, por outro lado, é expressão artística, é tudo o que és, é tudo o que ouves, é tudo o que lês. É tu quereres dizer alguma coisa e criares através de imagens, seja no fotojornalismo, seja no retrato, seja no casamento, seja no que for”, adianta Pedro Lopes. Não basta, portanto, fazer-se o click. É preciso mais, é preciso uma maior envolvência, envolvência essa que permite contar uma história sem que seja preciso dizer-se muito. Edgar Félix acrescenta: “Se me comove, é bom sinal, pois eu presto atenção. Para mim a imagem significa isso. No meu trabalho, eu crio memórias para outras pessoas recordarem daqui a uns anos. E quero acreditar que é uma memória que vale muito, que não se paga com dinheiro. Por isso é que dou muito valor à imagem”.

A ideia não é muito diferente da que têm as pessoas que sentiram mais na pele as consequências da evolução. As tradicionais lojas de fotografia foram, durante muito tempo, o local de sonho dos amantes da arte de fotografar. Era nelas que tudo acontecia e eram elas que permitiam tudo acontecer. Se queriam ser bem fotografados, iam aos estúdios. Se queriam fotografar, iam comprar rolos. Se queriam ter as fotos, iam revelá-las e imprimi-las. Não havia computadores nem as ditas “modernices” que permitissem vê-las antecipadamente ou guardá-las em qualquer aparelho, como hoje em dia. Se as pessoas as queriam, tinham-nas, então, em papel. Não é por isso estranho que quem viveu outra época sinta que se perdeu um pouco da sua essência.

“Isto é mais do que fazer um click, por isso é que se diz que uma fotografia vale por mil palavras. Muitas vezes olhamos para uma e não precisamos que ninguém nos diga nada, ela fala por si. É um meio de comunicação que temos ao nosso dispor, só que perdeu muito valor, devido às novas tecnologias”, lamenta José, o funcionário da ILFoto. Filipe Pinto parece percebê-lo na perfeição, até porque considera que a “fotografia levou um trambolhão tal que já quase não há gosto por ela”. Perdeu a magia, até mesmo para ele. “As pessoas fotografam, depois mexem na fotografia, metem no computador e mudam as cores todas. Antigamente, não se podia fazer isso. Ou aclarava um bocadinho, ou escurecia um bocadinho. Hoje não é fotografia. Hoje basta saber mexer no computador. Se tiver um curso de Photoshop ou assim a fotografia mesmo que esteja feia tem como ficar bonita”, acrescenta. Recorda (áudio) os tempos em que fotografar um casamento ou um jogo implicava mais trabalho e era mais complicado. Relembra, com nostalgia, a ansiedade que vivia durante a revelação dos rolos, para ver o resultado. “Hoje, tira-se uma fotografia e se a pessoa fechou os olhos, repete, se ficou clara, repete, se ficou escura, repete… Por isso é que digo que hoje qualquer pessoa é fotógrafa. Perdeu-se um bocado o gosto pela fotografia. Até as pessoas em si, pois elas tiram fotografias, mas não as imprimem, não têm nada em papel. Só quando os computadores avariam é que pensam ‘ai, tinha lá uma fotografia, não dá para recuperar?’. Não! A fotografia no papel é que é a verdadeira fotografia. A recordação é no papel”, sustenta.

“Para alguns, como é o caso de José, a situação parece estar a reverter-se. Vão surgindo sinais, tentativas de se voltar a fotografar como antes, sinais esses que são dados por quem tem gosto pela fotografia. “É que fotografar com o analógico dá logo outro impacto, o sabor da fotografia é diferente. Só temos um rolo com 36 fotografias, no máximo, o custo é diferente, temos que saber fotografar… Aí temos que ser nós a saber fotografar, enquanto que com o digital mete-se a máquina em automático e ela faz tudo. E depois vemos o resultado e nem sabemos o que fizemos”. São os jovens que têm ditado esta tendência, mas há gerações mais antigas que ainda o fazem, também, “pois têm uma máquina boa, custa-lhes desfazerem-se dela por ter sido cara e por se terem afeiçoado, e têm ainda um pouco de receio das novas tecnologias”. Se o analógico vai, efectivamente, voltar a impor-se? Dificilmente, pois fica muito mais caro.

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