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O madeiro oferece calor ao Natal de Belmonte

BELMONTE: Reencontro com a tradição

"A tradição já não é o que era" é uma frase sem significado no Natal de Belmonte. Na terra de Pedro Álvares Cabral todo o esforço é feito para que as tradições natalícias continuem vivas, com o intuito de unir a população na santa quadra.

> Marco Morais

Assim que os anúncios de televisão revelam os primeiros sintomas da febre natalícia, Belmonte começa a encher-se de luz e cor para mais uma quadra de Natal.
Mais perto do santo dia, começam as férias escolares: as crianças de férias enchem os bairros da vila com brincadeiras, os estudantes universitários regressam e reencontram-se com os amigos, provocando na vila uma explosão de jantares para celebrar as férias. Respira-se então de diferente maneira em Belmonte. Diferente em relação ao resto do ano, mas igual a tantos Natais que a antiga vila já presenciou.
Chega o dia da consoada e o reencontro é outra vez palavra-chave. Desta feita para os mais velhos que por razões profissionais se vêm obrigados a sentir o Natal da vila somente na véspera. Nessa noite de consoada, em Belmonte provam-se as batatas com couves e bacalhau e "adoça-se o bico" com as filhós, arroz doce e fatias douradas. Depois do repasto, une-se a tradição familiar com a da vila, os sinos ecoam chamando as pessoas a sentir a chama do madeiro , que por rivalidade se quer o maior do concelho. É junto da enorme fogueira que se revêem velhos conhecidos e se mantém a amena cavaqueira até chegar a meia-noite, hora de abrir os presentes, para os menos crentes, ou hora de seguir a tradicional liturgia da missa do Galo.A divisão das pessoas é inevitável, não fosse Belmonte um misto de culturas e opiniões, mas o madeiro sobrevive a este desencontro e é o ponto de equilíbrio do Natal belmontense, continuando pela noite dentro a oferecer calor aos resistentes, que em sua maioria são jovens mas que se fundem também com gente mais experimentada, a quem o gosto pela chama do madeiro impede de arredar pé. Há sempre mais uma história para contar, e com a ajuda de mais um copinho de vinho ou de jeropiga, lá vão resistindo ao frio, até olharem para o relógio e perceberem a noite já vai bastante longa.O dia 25, é dia de roupa-velha no prato e roupa nova no corpo. Nos almoços de Natal, as famílias da vila comem as "sobras" da consoada, prato vulgarmente conhecido por roupa-velha, e encontram-se nos cafés da vila, impecavelmente vestidos. O dia de Natal também é dedicado aos familiares e amigos, que rejubilam com as crianças e os seus presentes, aproveitando em confraternização as poucas horas de lazer que ainda restam, pois no dia seguinte será um regressar à normalidade.

 


O madeiro oferece calor ao Natal de Belmonte
O madeiro oferece calor ao Natal de Belmonte


Data de publicação: 2008-12-30 00:00:01
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