Voltar à Página da edicao n. 462 de 2008-11-25
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A autora do livro sobre Aristides de Sousa Mendes esteve na UBI

Autora de "O Consul" na UBI

“História e Literatura/Literatura e História” foi o tema de conversa com a escritora Júlia Nery, autora de “O Consul”, que teve lugar no auditório da Biblioteca Central da Universidade da Beira Interior (UBI), na passada quinta-feira.

> Susana Goncalves

Este evento insere-se na Quinzena Cultural de homenagem ao diplomata que a  Fundação Aristides Sousa Mendes e o “Jornal do Fundão” estão a realizar em Castelo Branco, Covilhã e Fundão, e contou com a presença da escritora Júlia Nery.  Cristina Vieira, que publicou recentemente um livro sobre a construção da personagem romanesca, e o director do Jornal do Fundão, Fernando Paulouro Neves como moderador, participaram no evento.
Júlia Nery começou por distinguir história de literatura, dois conceitos que por estarem muito próximos podem entrar em conflito. O historiador encontra-se preso à realidade, enquanto o ficcionista reinventa e reformula a verdade numa narração subjectiva.
A pesquisa para um romance histórico tem por base a descoberta das personagens, as suas facetas, e a recolha de relatos e impressões. As personagens dão veracidade ao romance que nasce entre a realidade e a ficção.
O seu livro “O Consul” teve como “primeira fonte e primeira motivação a casa de Aristides abandonada” e “a filha Joana, que não disse nada de factual, falou do pai como uma filha fala de um pai”, confessa Júlia Nery.
A ideia de escrever este livro surgiu em 1986, quando foi abordada na Câmara Municipal de Carregal do Sal por uma pessoa que lhe sugeriu que escrevesse um romance sobre a vida do consul, e lhe deu a conhecer a sua casa.
Júlia Nery diz que “a problemática dos heróis sempre me tocou. Este homem foi herói, não foi?”. Na pesquisa para este livro teve o apoio das pessoas de Carregal do Sal que tinham postais, cartas, fotografias e alguns depoimentos.
Realçou os valores que um romancista histórico deve manter, como o bom senso, a honestidade intelectual, e saber o que deve usar segundo os seus objectivos.
Em relação ao livro “O Consul”, que é uma homenagem a Aristides Sousa Mendes realçada por três mulheres – a criada, a mulher, e Mariana, a filha – Cristina Vieira considerou que o livro é uma oscilação constante entre a homenagem presente e o passado de Aristides.
O jogo de silêncio no final do livro foi motivo de discussão por este poder ter vários significados e interpretações. Algumas das interpretações passaram pelo silenciamento imposto por Salazar, a incompreensão/ignorância do povo, o silêncio da humanidade que permitiu o holocausto.
A homenagem a Aristides de Sousa Mendes prossegue no dia 26, no auditório da Biblioteca Municipal de Castelo Branco, com o colóquio “A desobediência e a consciência da Humanidade: Há sempre alguém que diz Não”, por Manuel Vaz Dias, José Pires e Fernando Paulouro Neves. No dia 28, no edifício da Moagem, no Fundão, será abordado o tema  “Combates pela História/Combates pela Memória”: À Conversa com Irene Flunser Pimentel, autora de “Contai aos Vossos Filhos – Um livro sobre o holocausto na Europa (1933-45). No dia 29 terá lugar em Louriçal do Campo, Castelo Branco, a projecção do documentário “O Consul Proscrito”, comentado por Manuel Vaz Dias.
A homenagem ao consul português termina no dia 30 de Novembro, em Castelo Branco, com um concerto de encerramento com Jorge Chaminé e Olivier Manoury, e a intervenção de Maria Barroso, Presidente honorária da Fundação Aristides de Sousa Mendes.


A autora do livro sobre Aristides de Sousa Mendes esteve na UBI
A autora do livro sobre Aristides de Sousa Mendes esteve na UBI


Data de publicação: 2008-11-25 00:04:02
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