Voltar à Página da edicao n. 461 de 2008-11-18
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"As universidades têm de participar cada vez mais na sociedade"

> Eduardo Alves

U@O – É mais difícil, então, gerir uma instituição no litoral, do que no interior?
José Correia Pinheiro –
[Ver resposta] Recordo-me de um artigo do professor Vital Moreira que falava sobre as “Universidades Auricas”, ou seja, as universidades que estão junto ao poder. Aí tudo é mais fácil e são mais beneficiadas que as do resto do País. E nós temos outra circunstância ainda muito pior, que é o facto de não sermos capital de distrito. Vendo bem, até em relação a isso temos sido prejudicados.
Somos uma cidade que desde Outubro até Maio temos de gastar dinheiro em aquecimento, qualquer assunto que tenhamos de tratar tem custos mais elevados por estarmos longe dos grandes centros, se tivermos de nos deslocar a Lisboa são 300 quilómetros em cada sentido, tudo isto representa um enorme volume de custos acrescidos.
Hoje a situação melhorou bastante, com a auto-estrada e mais algumas comunicações, o cenário é diferente. Mas ainda assim estamos menos favorecidos que as cidades do litoral e as mais próximas de Lisboa.

U@O – Depois de cerca de quatro décadas a trabalhar neste sector, como assiste às profundas mudanças que estão a ser introduzidas no sistema universitário europeu?
José Correia Pinheiro –
[Ver resposta] Elas são necessárias, até porque, a universidade tem de se adaptar ao momento que vive. E às universidades é-lhes exigido cada vez mais que participem na transformação da sociedade envolvente, que sejam activas na investigação, que criem laços de forma a que a sua investigação seja aplicada no mundo do trabalho e no mundo empresarial. Pede-se à universidade uma actuação de cidadania que seja o motor que permita que as sociedades avancem. Mas simultaneamente também se lhes exige cada vez mais sem as devidas contrapartidas financeiras.
Veja-se o que se está a passar no nosso País. Direi que neste momento as universidades estão a ser bloqueadas pela política orçamental e estão a ter problemas gravíssimos e se, no futuro, não forem tidos em atenção os problemas que as universidades estão a sentir com o espartilho que lhes estão a aplicar em termos orçamentais, grande parte desse tipo de actuações que as universidades devem ter e que são obrigadas a ter, dificilmente levaram a efeito essas actividades.

U@O – Em Portugal, nunca os administradores, reitores e outros responsáveis pelo Ensino Superior se disseram tão enfraquecidos em termos financeiros. Existem mesmo instituições em “falência”, por assim dizer. Como foi possível chegar a esta situação?
José Correia Pinheiro –
[Ver resposta] Há cinco ou seis anos que os orçamentos das universidades não são aumentados. Contudo, temos situações, como as dos aumentos de vencimentos, decretados pelo Estado, que temos de cumprir. Mas o próprio Estado, depois nunca nos compensa por isso.
Recordo também que desde 2004, os orçamentos não crescem nominalmente. Isto quer dizer que se nesse ano tínhamos um orçamento de 20 milhões de euros, por exemplo, passados quatro anos temos um orçamento ligeiramente inferior. Isto quando não se teve em linha de conta a inflação, o acréscimo do número de alunos e outros factores que conduziram a esta situação.

U@O – Qual acha ser a melhor maneira de superar esta crise?
José Correia Pinheiro –
[Ver resposta] O governo deve ter em linha de conta a importância que as universidades têm para o País. É certo que existem alguns desperdícios em sítios e em processos que poderiam ser melhorados. O Poder Central devia confiar nas universidades e dar-lhes a capacidade para se candidatarem a projectos e com esses mesmos projectos recolherem mais receitas próprias. Se isso acontecer, de certeza absoluta, que as universidades no futuro vão libertar o Orçamento de Estado de encargos que hoje tem com estas instituições.

U@O – Há cerca de um par de ano dizia ter o sonho de ver a UBI como “uma grande universidade”. Esse desejo, já está concretizado?
José Correia Pinheiro –
[Ver resposta] Talvez ainda não, mas para lá caminhamos. Não estou muito ligado ao mundo académico, estive mais na parte financeira. Mas a percepção que tenho é que na UBI se produz cada vez mais cientificamente e em qualidade, o que é muito importante. Com o tempo seremos uma universidade conceituadíssima, embora uma universidade pequena. Isto também porque, mesmo tendo alunos de todo o País estamos implantados numa região que está a perder gente.
As pessoas que aqui ficarem investigarão cada vez mais e com qualidade. Portanto, penso que esse sonho de ver uma universidade com qualidade esteja quase alcançado.

Perfil de José Correia Pinheiro

"A UBI é a prova de um trabalho lento e consolidado"



"A situação na Covilhã mudou bastante"


Data de publicação: 2008-11-18 00:00:01
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