Voltar à Página da edicao n. 454 de 2008-10-07
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> <strong>José Geraldes</strong><br />

Diversidade social: olhar para o outro

> José Geraldes

A Europa está cada vez mais a caminhar para uma sociedade multicultural. Basta ver as escolas, locais de trabalho e zonas de lazer para nos apercebermos da importância do fenómeno. Gentes de várias raças, credos e cores estão por toda a parte.
A diversidade social é um facto inegável a nível europeu. A França tem cinco milhões de árabes na maioria de religião muçulmana, o que faz com que seja a segunda a seguir à religião católica. Na Alemanha, vivem dois milhões de turcos. E em Portugal temos milhares de ucranianos, moldavos e romenos.
Com base nesta nova realidade, o Parlamento Europeu decretou o ano 2008 como o Ano Europeu do Diálogo Intercultural. O seu objectivo consiste em fomentar o diálogo entre as culturas e todas as pessoas residentes em território da União Europeia. Ján Figel, Comissário Europeu para a Educação, Cultura e Juventude escreveu a este propósito: “No século XXI, a Europa enfrente um novo desafio: como se tornar uma sociedade intercultural com base num respeitoso intercâmbio de opiniões entre indivíduos e grupos, dom diferentes passados e numa base de igualdade.” Desafio que é lançado a todos os Estados.
Em Portugal, destaca-se a iniciativa de os museus serem a base para itinerários culturais. A ideia é construir uma imagem positiva das comunidades imigrantes.
Nesta linha de pensamento, as actividades são dirigidas a toda a sociedade. Claro que a tolerância e a abertura ao diálogo constituem um pressuposto para a valorização das culturas dos imigrantes entre nós. O diálogo tem de primar pela interactividade e desconhecer qualquer tipo de medo.
Os problemas surgem quando se instalam os preconceitos. E por actividades de grupos marginais conotados com imigrantes não se pode fazer um juízo negativo de todos.
Há exemplos de integração de imigrantes que só podem enriquecer a sociedade. E muitos são a nível da medicina, ensino superior e de trabalhadores da classe média. E também com casamentos mistos. A nível da UBI, na Covilhã, temos um exemplo de como professores estrangeiros foram bem aceites e a sua integração se considerar um modelo.
O facto e a autarquia promover uma actividade de acolhimento anualmente tem o seu mérito pois quem vive e trabalha na cidade faz parte do nosso tecido social.
Por isso,  para desfazer preconceitos, a promoção de iniciativas locais é um bom meio de integração no respeito mútuo dos imigrantes. E uma grande oportunidade para um conhecimento das suas riquezas culturais.
A Igreja Católica, pioneira neste sector, tem apostado na Festa dos Povos com resultados muito satisfatórios como sinal de integração comunitária. O Alto-Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural pôs em marcha um programa variado que vai desde exposições, feiras temáticas, espectáculos de dança e artes até colóquios, peças de teatro, concertos de música e festivais de cinema.
Mas uma sociedade multicultural não se constrói e um dia para o outro. Leva tempo. E supõe um elemento fundamental: a maneira como olhamos para o outro. Neste caso, olhar para os imigrantes como possuidores da mesma dignidade humana e de valores culturais que só enriquecem, na sua diversidade, a sociedade portuguesa.


Data de publicação: 2008-10-07 00:00:00
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