Voltar à Página da edicao n. 442 de 2008-07-15
Jornal Online da UBI, da Covilhã, da Região e do Resto
Director: João Canavilhas Director-adjunto: Anabela Gradim
      Edição: 442 de 2008-07-15   Estatuto Editorial   Equipa   O Urbi Errou   Contacto   Arquivo  

Tempo de vagas gordas

> João Canavilhas

Está a decorrer a primeira fase de candidaturas ao Ensino Superior. De acordo com os dados já conhecidos, o número de alunos que fez exames é inferior ao do ano anterior, mas a já prevista subida das notas deixa antever que o número de candidatos se mantenha ou até suba.

Se o número de candidatos é uma incógnita, as vagas já são conhecidas: o Ensino Público oferece 50.777 vagas, mais 1.505 do que em 2006/07, ano em que ficaram cerca de 2.300 vagas sem alunos. 

Em comunicado recente, o ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior destacava que, desde 2004, as vagas cresceram de 46.673 para 50.777. “A oferta formativa continua a consolidar-se e a estabilizar”, diz o ministério. Como é fácil constatar, a “estabilização” é relativa. Na verdade, este ano é oferecido o maior número de vagas de sempre no Ensino Superior Público português.

Olhando para a evolução do número de vagas na última década, constata-se que se registou uma subida constante até ao ano 2002/2003. No ano seguinte, o Ministério lançou a discussão em torno da necessidade de racionalizar a oferta formativa e da formação de redes regionais: a abertura de novos cursos foi condicionada, reduzido-se ainda o número de vagas em algumas áreas. O resultado foi um decréscimo assinalável no número de vagas: menos 3 mil do que no ano anterior. Foi sol de pouca dura, pois no ano seguinte iniciou-se um novo ciclo de crescimento que atingiu este ano o apogeu, ultrapassando-se pela primeira vez as 50 mil vagas. São exactamente mais 10.073 do que há uma década.

É bom? É mau? Não sei, mas quando vejo 510 vagas só na Faculdade de Direito de Lisboa fico com muitas dúvidas em relação ao futuro dos estudantes que optarem por esta formação. E este é apenas um exemplo entre os muitos que podia aqui referir.

Com números desta grandeza e uma crise que tarda em passar, é licito perguntar se ainda vale a pena tirar um curso superior. A resposta só pode ser uma: sim. Uma licenciatura pode já não ser sinónimo de emprego imediato na área de formação, mas todos os dados indicam que, quando comparado com um não licenciado, o titular de um curso superior demora menos tempo a encontrar emprego e consegue remunerações médias muito superiores.

Em tempo de "vagas gordas”, a melhor opção é apostar na formação superior enquanto se aguarda o regresso do tempo das vacas gordas.


Data de publicação: 2008-07-15 00:00:01
Voltar à Página principal

2006 © Labcom - Laboratório de comunicação e conteúdos online, UBI - Universidade da Beira Interior