Voltar à Página da edicao n. 440 de 2008-07-01
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Férias

> Anabela Gradim

Terminou mais um ano escolar – que é o calendário por que se pautam professores e estudantes. Salvo para os retardatários dos exames, é hora de embalar a trouxa e partir para o sol. É importante este tempo de descanso, especialmente se o ano que finda foi de trabalho e dedicação. Mas a verdade é que as férias grandes estão cada vez mais pequenas. Os calendários escolares foram, paulatinamente, invadindo o Verão, numa resposta frouxa à alteração dos modelos laborais, e à recomposição de géneros no mercado de trabalho. Há não muito tempo atrás, as férias escolares começavam em Junho, e terminavam no final de Setembro. Aulas de verdade, só em Outubro, e estava correcto, porque nessa altura o tempo quente já tinha definitivamente acabado.
Hoje vive-se o lazer e o ócio com uma espécie de culpa, e o trabalho, por outro lado, sem alegria nem prazer. Na verdade, tanto para estudantes, como para professores, as férias são a necessária oportunidade de ganhar distância relativamente ao ano que passou, de ponderar o próximo ano de trabalho, e de aproveitar para um upgrade cultural e intelectual absolutamente necessário nas respectivas «profissões». Todos os discos que não se conseguiu ouvir, todos os filmes que não se pode ver, e todos os livros que não houve oportunidade de ler durante o ano, esperam por nós nas férias, e, mesmo sem sair de casa, irão torná-las únicas e inesquecíveis.
Trinta e dois graus à sombra a folhear romances na beira da piscina, é trabalho ou lazer? Bem, para os operários do espírito, é «trazer». É algo que enriquece as suas vidas, e se irá reflectir na qualidade do trabalho que irão produzir. Férias grandes são por isso uma necessidade para a melhoria sustentada da performance individual.
Este ano que terminou foi particularmente complexo para as universidades, a braços com a elaboração de novos estatutos, e com avaliações externas e internas. Diminuição do financiamento, redução de alunos ou distribuição irregular destes pelos cursos, e um novo estatuto de carreira devido, mas ainda no segredo dos deuses, compõem o mosaico dos trabalhos e dias que passaram.
No básico e secundário, depois da polémica sobre o concurso para professor titular, da controvérsia acerca do regime de avaliação dos docentes, segue-se, na época estival, a contenda relativamente a exames e provas globais, com associações disciplinares de professores a reclamarem relativamente ao seu grau de exigência, que se traduziu em excelentes resultados para os alunos, e significativas melhorias estatísticas para o ministério. É uma vitória de Pirro, se tiverem razão os críticos destes exames, e a factura, mais cedo ou mais tarde, virá bater-nos à porta.
Mas tristezas, enfim, não pagam dívidas. De modo que é bem-vinda a hora de prazenteiramente mergulhar em tudo o que não se conseguiu realizar durante o ano.


Data de publicação: 2008-07-01 00:00:00
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