Voltar à Página da edicao n. 438 de 2008-06-17
Jornal Online da UBI, da Covilhã, da Região e do Resto
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Pedro Almeida é professor na UBI e um dos sete membros da secção portuguesa da ASPO

A lentidão que resolve a crise energética

O aumento do preço do petróleo, as manifestações e bloqueios sociais, as crises energéticas e as alterações climáticas são matérias que fazem já parte do quotidiano global. Paulo Almeida, docente da UBI e membro da ASPO, explica todas estas temáticas e fala também das soluções e das energias alternativas. A mais importante e imediata passa pela redução da velocidade de circulação das máquinas.

> Eduardo Alves

Nos últimos a escalada de preços do petróleo e o consequente aumento do preço dos combustíveis levou a uma série de manifestações, de protesto e de paralisações com drásticas consequências. O problema há muito que faz parte das preocupações da secção portuguesa da Associação para o Estudo do Pico do Petróleo e do Gás (ASPO).
Pedro Almeida, docente no Departamento de Informática da UBI é um dos sete membros desta secção que faz parte de uma rede internacional de cientistas e investigadores que se debruçam sobre a questão do Pico de Hubbert ou “Peak Oil”, o ponto máximo de exploração de petróleo no planeta. A ASPO tem entre os seus objectivos, “estudar a disponibilidade de petróleo e gás na Natureza, modelar o esgotamento, tomando em devida conta a economia, a tecnologia e a política; divulgar este tema crítico e alertar para as consequências para a Humanidade, entre outros”, adianta o docente da instituição covilhanense.
Desde 2001 que esta rede de cientistas estudam “de forma mais aprofundada o planeta”. Uma análise que permite a Pedro Almeida garantir que os preços dos combustíveis “não vão baixar e estes aumentos vão começar a registar-se cada vez com mais frequência”. Se é certo que os valores que modelam os preços têm oscilações, essas “a longo prazo não afectam os preços que apenas respondem à relação entre a oferta e a procura”.
Mas é também em torno de todas estas situações que a preocupação geral em encontrar novas soluções começa a crescer a ganhar mais adeptos. As tecnologias denominadas “amigas do ambiente” têm por base várias vertentes, que passam por uma maior economia no que respeita a combustíveis fósseis, mas também, por uma alternativa a este tipo de combustíveis.
Electricidade, bio combustíveis, utilização de elementos presentes em larga escala no planeta são exemplos disso. Desde a indústria automóvel, até aos electrodomésticos, desde a aeronáutica à produção de navios, são várias as áreas onde a preocupação com o consumo de combustíveis e a procura de novas fontes de energia passaram a ser práticas correntes. A infografia que o Urbi hoje apresenta aos seus leitores faz alusão à indústria automóvel e às energias alternativas que estão já disponíveis para o consumidor ou em fase avançada de estudo. Apenas alguns exemplos que Pedro Almeida considera de “muito positivos”. Mas este docente, membro da ASPO lembra que, por enquanto, “aquilo que se pode fazer é essencialmente ganhar eficiência”. Isto porque, segundo o mesmo “nós não conseguimos substituir o petróleo por nada. Neste momento não temos tecnologia suficiente para isso”. Daí que uma das grandes componentes da solução para este problema “será a eficiência energética”. Pedro Almeida explica que “a indústria terá de ser capaz de melhorar os consumos. Isso pode fazer-se através de automóveis que gastem menos do que os actuais, por exemplo. Mas essa eficiência tem de ser alargada a tudo, barcos, aviões e outros”.
E, uma das formas de ganhar eficiência é simplesmente, “andar mais devagar”. O docente da UBI acrescenta que “isto está já provado e bem documentado. Nos barcos e nos aviões, cada dez por cento a menos de velocidade permite poupar cerca de 40 por cento do combustível gasto. Esta é uma coisa que todos podemos notar, até com os sistemas actuais. Se se conseguir circular um pouco mais devagar e ter atenção a alguns aspectos da condução, por exemplo, verificamos que os consumos decrescem de forma assinalável”.
O docente que existem também outras alternativas, mas também para essas “precisamos de melhorar as técnicas”. Isto porque, “com combustíveis vegetais podemos fazer quase tudo o que fazemos com petróleo, incluindo o petróleo utilizado na industria petroquímica, para produzir plásticos e outros. Essa é uma boa substituição e um caminho a seguir”, sublinha Pedro Almeida.

> jmanuel @ ubi . pt em 2008-06-23 18:32:36
E eu a pensar que a electrólise era um processo simples e pouco dispendioso... afinal até se pode fazer em casa. Mas que sei eu?

> jmanuel @ ubi . pt em 2008-06-23 18:32:46
Valha-me a minha santa ignorância em termos energéticos, Professor Carrilho, mas eu julgava que o Hidrogénio provinha da água... veja lá o que andei a ensinar à minha filha: que o H2O queria dizer: dois átomos de Hidrogénio e um de Oxigénio. Definitivamente andei 50 anos enganado... parece que tenho de voltar à 4ª classe do meu tempo. Também nunca é tarde para reaprender...

> jmanuel @ ubi . pt em 2008-06-17 16:55:57
“nós não conseguimos substituir o petróleo por nada. Neste momento não temos tecnologia suficiente para isso” “precisamos de melhorar as técnicas”. Isto porque, “com combustíveis vegetais podemos fazer quase tudo o que fazemos com petróleo, incluindo o petróleo utilizado na industria petroquímica, para produzir plásticos e outros. Essa é uma boa substituição e um caminho a seguir” Tirando as inconsistências, parece que os foguetões da NASA são movidos a hidrogénio que é uma fonte praticamente inesgotável... no Universo.

> palmeida @ di . ubi . pt em 2008-06-18 11:10:11
Caro jmanuel@ubi.pt: Compreendo que quem sabe pouco sobre questões energéticas e faça uma leitura apressada desta entrevista (que obviamente não é um artigo cientifico, e nem sequer é redigida por quem fala das coisas) julgue encontrar inconsistências dessas, e soluções energéticas no hidrogénio... No entanto essas inconsistências não existem: É verdade que é tecnicamente possível fazer, a partir de outras bases, tudo o que se pode fazer com petróleo (combustíveis, plásticos, etc.). Só que para o fazer é preciso gastar energia (e outros recursos), e existem limitações fundamentais em termos de quantidades de produção possível! Dá para perceber? Resumindo: Com as tecnologias actualmente disponíveis, a substituição é possível tecnicamente, mas é irrealista na prática, face às características dos processos técnicos envolvidos, e face às quantidades que neste momento a humanidade utiliza. E essa impossibilidade de substituição prática é algo da ordem de 20 para 1. É algo que não é contornável com um pouco mais de esforço, ou com preços um pouco mais elevados, mas sim algo que na prática é simplesmente irrealista. Quanto ao hidrogénio, encarado como combustível (como no exemplo dos foguetões) nem sequer é uma fonte de energia... Para simplificar: Na Terra não existe hidrogénio disponível. E é precisa mais energia para produzir hidrogénio do que a que depois se consegue da sua combustão.

> carrilho @ ubi . pt em 2008-06-17 16:56:13
O caminho a percorrer é o dos Príncípios Físicos O Prof. Pedro Almeida como membro da Unidade de I&D CAST e do grupo SiNerge-Sistemas Enegéticos (Produção,Racionalização e Sustentabilidade)tem a razão do lado dele. Contudo é necessário cada vez mais explicar às pessoas e cidadãos que as politicas energéticas do mundo ocidental tem andado sempre em sentido contrário ao príncípio fundamental da segunda lei da termodinâmina. O que se procura fazer no mundo actual é dissipar energia e exergia. Esta fraçcão da Energia vai ser cada vêz mais cara. Só assim vão aparecer as aplicações energéticas alternativas ou mesmo renováveis mas com um conteúdo exergético ainda baixo. O futuro com sustentabilidade só estará assegurado com a multiutilização das várias fontes de energia para cada utilização final adequada. É e Será inadequado aquecermos as nossas casas (temperatura de 22ºC)usando directamente a electricidade ou mesmo combustíveis fósseis. Porquê? leiam novamente o que se disse atrás e encontrarão a resposta. Luis Carrilho, Investigador da CAST/SiNerge/UBI


Pedro Almeida é professor na UBI e um dos sete membros da secção portuguesa da ASPO
Pedro Almeida é professor na UBI e um dos sete membros da secção portuguesa da ASPO


Data de publicação: 2008-06-17 00:00:00
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