Voltar à Página da edicao n. 434 de 2008-05-20
Jornal Online da UBI, da Covilhã, da Região e do Resto
Director: João Canavilhas Director-adjunto: Anabela Gradim
 
> <strong>José Geraldes</strong><br />

A caminho do centenário

> José Geraldes

A 18 de Maio de 1919, aparecia a primeira edição do nosso jornal com o nome de Notícias da Covilhã. Antes, tinha por título A Democracia que viu a luz do dia a 12 de Janeiro de 1913.
Os fundadores de A Democracia e os seus continuadores com o Notícias da Covilhã foram homens lutadores, firmes e corajosos. No meio de dificuldades de toda a ordem, nunca se deram por vencidos. E prosseguiam sempre a luta para que o jornal cumprisse os objectivos que se propunha.
Hoje os tempos são diferentes. Mas de uma maior exigência a todos os níveis. Por isso também de novos desafios a que não voltamos a cara. E os novos desafios abrem janelas de oportunidade para outros projectos e novas iniciativas.
Ao completar 95 anos de vida, o Notícias da Covilhã tem consciência dos novos horizontes que tem pela frente. Horizontes que fazem apelo a uma atenção vigilante aos sinais das novas tendências sociais, económicas e culturais.
As dificuldades continuam a existir. E isso é prova de que a vida se vive ao ritmo próprio. Mas estamos cá para as vencer com determinação e ousadia e criar alternativas se for necessário.
A nova legislação sobre o Porte Pago criou problemas que complicam a sobrevivência a imprensa regional. E ainda para mais com a oferta de um Portal na Internet que acaba por se transformar num órgão concorrente.
A conquista de novos leitores impõe-se com urgência. Mas não se afigura tarefa fácil. Aliás, em geral quase toda a imprensa se debate com este problema. Que tem dimensões internacionais.
Sobretudo os jovens leitores constituem o universo onde a imprensa regional e não só tem dificuldades em penetrar. Voltados para as novas tecnologias, os jovens são seduzidos mais pela Internet. Tal realidade acaba por tornar impositiva a fórmula do multimédia, já que a edição em papel os atrai cada vez menos.
Acrescente-se a esta situação, o facto de a televisão se ter transformado na maior fonte de informação para os portugueses, jovens e adultos, com telejornais de hora e meia, caso único na Europa. Telejornais que, na maioria das vezes, constituem mais um programa de entretenimento com notícias à mistura do que um verdadeiro jornal televisivo.
Mas a solução multimédia pede recursos financeiros. Neste particular, a publicidade é fundamental. Com a crise económica instalada na sociedade portuguesa, a publicidade tornou-se um bem escasso. Então, para a imprensa regional, o bolo publicitário não existe. O Estado obrigou-se a proceder à distribuição equitativa da publicidade institucional, mas isso não acontece.
Em Portugal, dá-se outra originalidade. As televisões dão-se ao luxo de terem como destino à volta de 80 por cento de toda a publicidade. À imprensa e sobretudo à regional só resta resistir.
Mas confiamos no futuro. Mesmo com todos os problemas que a direcção de um jornal regional implica. Aliás, ser hoje director de jornais regionais exige uma enorme capacidade de heroísmo.
Muitos armam-se em “treinadores de bancada” para terem protagonismo nas notícias. Outros não admitem a mínima crítica pela vaidade dos cargos que ocupam. Só querem pé de microfone. Depois, há os que, de forma suave, mandam recados como forma de pressão.
Vivemos numa sociedade aberta. O jornal existe para informar com rigor, honestidade e ética. E sempre na procura da verdade. Ainda há pouco o papa Bento XVI o disse.
Um jornal define-se pela consciência crítica em relação à sociedade. Também louva pelo destaque quando se justifica. Para revelar os valores perenes do Homem.
A norma é consagrada: “Dizer sem ferir. Mostrar sem chocar. Testemunhar sem agredir. Denunciar sem condenar”. Só com um jornalismo de verdade, se constrói uma democracia adulta.
Na fidelidade à natureza de jornal de inspiração cristã, o lema do NC baseia-se na fórmula do teólogo Karl Rahner, um dos pilares do Vaticano II: “A Bíblia numa das mãos e o jornal na outra”.
Assim lemos a actualidade para promover a Covilhã, a Cova da Beira e a Região ao serviço dos nossos leitores. E assim vamos continuar a caminho do centenário.


Data de publicação: 2008-05-20 01:23:21
Voltar à Página principal

2006 © Labcom - Laboratório de comunicação e conteúdos online, UBI - Universidade da Beira Interior