Em Unhais há quem pense na subida

Depois de assegurada a manutenção, quais os objectivos do Unhais para a segunda fase do campeonato? Uma pergunta à qual a equipa dará resposta nos próximos jogos, embora haja quem admita a luta pela subida. A começar pelo técnico, António Real

O 60º aniversário do Unhais da Serra está a ser um ano marcante para o clube. Uma subida do distrital à Terceira Divisão, uma participação excelente na primeira fase do campeonato, em que andou sempre pelos lugares da frente e em que conseguiu aquele que era o objectivo prioritário do clube: a manutenção.
Tudo isto depois de um período conturbado no início da época. O técnico que subiu, Nando, tinha tudo acordado para ficar mas saiu, alegando a dificuldade do clube em conseguir jogadores que pudessem dar uma participação digna do clube na Terceira Divisão. Tó Real foi convidado a treinar a equipa, aceitou o repto e em pouco menos de um mês de preparação montou uma equipa que iniciou logo a prova com vitórias consecutivas. A espinha dorsal da equipa ficou, e aos poucos foi-se constituindo um plantel que, apesar de pequeno, tem muita qualidade, sendo feito, praticamente na íntegra, com jogadores da região. Da época passada ficaram homens como Valezim (experiente guardião com passagens pelo Covilhã e Benfica e Castelo Branco), Pedro Ferreira, Toni, Brígida, Caniço e Carlitos (todos eles das escolas de formação da ADE), Vasco e David, a que se juntaram mais alguns valores da região de qualidade inquestionável. Casos de Rui Morais e Edgar Carvalho (que vieram do Sporting da Covilhã), Vaz Alves (avançado belmontense que fora campeão distrital na ADE e Fundão, com várias participações na Terceira Divisão), Ruben (outro jovem formado no Belmonte e que foi campeão distrital em Penamacor), Gonçalo, Navarro (avançado vindo o Idanhense, que acabou com o futebol sénior) ou Claúdio (outro jogador formado na ADE que jogou na Segunda Divisão pelo Covilhã). Com tudo isto, Real construiu uma equipa que andou sempre pelos primeiros três lugares, que tem, é certo, um dos ataques menos concretizadores da prova, mas também uma das defesas menos batidas (a par com o Sertanense). E que agora enfrenta uma segunda fase do campeonato com legítimas aspirações em fazer, mais uma vez, história. É que do grupo de seis, os dois primeiros têm subida directa. E nos dois primeiros, o Unhais tem sido presença assídua, apenas alternando, de vez em quando, com o Sertanense, que já assumiu que irá lutar pela subida de divisão.
Em Unhais, em termos directivos, ninguém ainda assumiu que o Unhais vai tentar subir de divisão. Mas pelas Termas há quem pense nisso. A começar pelo técnico António Real, homem experiente nas lides do futebol e com vários títulos enquanto jogador e treinador. No dia em que o Unhais assegurava a manutenção, no jogo frente ao Gândara, Real aludia ao “bom prémio” a que os jogadores e técnicos estavam habilitados se conseguissem subir ao segundo escalão do futebol nacional. E, com ambição, dizia: “Temos duas pernas e uma cabeça, não sei porque não podemos pensar nisso”.
Classificando a prestação do Unhais, na primeira fase, de “extraordinária”, Real dizia que agora a sua equipa iria jogar neste segunda fase com tranquilidade, sem pressão e que o Estrela estava entre os melhores com “todo o mérito”.