Bem vindos ao “Hotel Barcelona”

Teatro, música, dança, lutas, humor, amor, sexo e vídeos. A história de amor mais encenada da dramaturgia Catalã.

O Teatro Cine mais uma vez acolheu o público para uma noite de teatro. O XII ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior apresentou a 11ª peça, no 11º dia do mês de Março. La Quadra Mágica, uma companhia de Barcelona, Espanha, apresentou-nos a peça “Hotel Barcelona”, a peça de dramaturgia catalã mais vezes encenada, desta vez com um toque da sua magia.
A história é a de um homem que possui um hotel falido em Barcelona e quer transformá-lo no maior hotel do mundo. Para transformar o Hotel Barcelona num sítio falado pelos jornais e conhecido pelos turistas, decide encontrar os melhores artistas para fazer um espectáculo que chamará a atenção de todos. Entre as tramas de um director de hotel ambicioso e artistas medíocres encontramos o enredo desta história, que nos parece fugir, não tendo muito bem o espectador a noção de onde tudo aquilo o vai levar.
O espectáculo de cerca de duas horas foi em cima do palco do Teatro Cine, actores e espectadores reuniram-se ali e a interacção entre peça e pessoas ganhou.
A peça pretendia mostrar certas situações, quase todas elas algo extremas, ao ponto de levantar a questão, já no final à conversa com os actores, “Alguém se sentiu incomodado com tudo isto?”. A Relação de amor entre dois homens e uma boneca insuflável, uma advogada que fazia o papel de mulher fatal, um travesti e um dj são os ingredientes para esta estória em que o nu, a sexualidade e as imagens fortes estão presentes.
Quando falaram das suas referências mencionaram David Lynch, embora alguns presentes defendessem que a peça sabia um pouco mais a Rocky Horror Show, de acordo com os seus cenários e guarda-roupa extravagantes.
Os actores mostraram-se muito receptivos em dialogar com os presentes e em receber as suas críticas, no final do espectáculo, sendo para eles algo que fazem recorrentemente. Aí descobrimos que a mulher de plástico, aquela que representa a mulher como objecto e escrava da sua beleza, foi a substituta de uma actriz, de carne e osso. Que não pôde vir por motivo de doença. “A substituição funcionou perfeitamente porque a mulher insuflável era uma boa metáfora para o que queríamos mostrar”, comentou um dos elementos do grupo.
A sala esteve repleta com pessoas que aderiram em massa a uma noite de teatro. Ainda houve adamado para todos, oferecido pelos actores. O à-vontade foi grande e fazia-se sentir cada vez mais à medida que ia-mos entrando na estória, notavam-se partes de improvisação, mas de uma maneira que só os bons actores sabem fazer e só depois de se sentirem confortáveis com as pessoas que os observam. Uma noite bem passada que valeu muito pela alternidade que propunha.