“Há um intercâmbio com outras instituições”

Urbi@Orbi – O trabalho do departamento tem passado também pela comunidade exterior à UBI com acções pensadas para as escolas secundárias. Que resultados pode adiantar de todo esse trabalho?
Manuel Saraiva – Há um intercâmbio com outras instituições. Podemos considerar quatro vertentes principais. A primeira diz respeito aos mini-cursos abertos a pessoas do exterior: Introdução aos Modelos de Regressão Multinível, que contou com a frequência de elementos da Universidade do Minho; Análise de Dados com MATLAB; Estatística Aplicada - Análise de Clusters e Análise em Componentes Principais; Advanced Multilevel Statistical Models; este último vai ser ministrado por um professor convidado. As “Acções de Formação” direccionadas para os professores de Matemática da região são uma segunda vertente. Para este ano lectivo, o Departamento já tem uma Acção acreditada (sobre o uso do MatLab) e tem outra em processo de acreditação (Introdução à Teoria dos Grafos e Aplicações). Uma terceira vertente diz respeito aos estágios pedagógicos, no âmbito da “velha” licenciatura em Matemática Ensino. Em 2007/2008 estão a funcionar cinco núcleos de estágio em escolas da região. Isto permite manter uma ligação muito directa e estreita com estes estabelecimentos de ensino, promovendo uma interacção forte entre as nossas instituições. Como exemplo refiro que em Janeiro último realizámos uma visita de estudo ao Porto com a participação dos estagiários e dos orientadores (das escolas e da UBI). A UBI já estabeleceu um protocolo com várias escolas da região quanto à realização dos estágios pedagógicos no âmbito da nova modalidade de formação de professores, nomeadamente de Matemática – “2º ciclo em Ensino da Matemática no 3º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário”. Esperamos dar continuidade a este tipo de actividade, agora dentro da realidade de Bolonha.
A quarta e última vertente tem a ver com algumas iniciativas que exigem tempo e energia aos docentes do Departamento, mas que são desenvolvidas com muito carinho, gosto e empenho.
Comecemos pelo CarpeMat: com esta iniciativa, o Departamento pretende promover o gosto pela Matemática através da resolução de problemas apelativos, permitindo a permanente aproximação da UBI à região em que está inserida. Já está lançado o quarto desafio. Os alunos das escolas já podem resolvê-lo e concorrer, enviando as suas resoluções. A própria entrega dos prémios do CarpeMat é um momento de festa vivido nas escolas – pelos alunos e professores envolvidos e pelos próprios membros dos executivos.
Falemos agora no 12+: esta iniciativa visa consolidar e reforçar os conhecimentos de Matemática dos alunos pré-universitários. No início deste ano lectivo inscreveram-se cerca de trinta alunos. A experiência tem mostrado que alguns destes alunos conseguem entrar na universidade fazendo, com sucesso, o exame de acesso em Matemática.
Cursos para os maiores de 23: iniciámos no ano lectivo anterior um curso para os possíveis candidatos ao ensino superior maiores de 23 anos de idade. Foi um sucesso. Dos cerca de trinta alunos, muitos foram bem sucedidos no exame de acesso em Matemática. Hoje estão a frequentar cursos ministrados na UBI. Estamos a pensar repetir a leccionação deste curso durante o 2º semestre deste ano lectivo.
Dias abertos da UBI: o Departamento de Matemática já se impôs pela qualidade da sua actividade. Neles têm sido incansáveis os docentes do Departamento e, muito particularmente, os alunos de Matemática, sem cujo apoio, dedicação e imaginação não teria sido possível atingir tanto sucesso. Esperamos repetir esta proeza na versão deste ano.
O Departamento está a pensar dinamizar a sua sala de recursos didácticos, de modo a ter uma exposição permanente de materiais que possibilite receber visitas continuadas dos alunos das escolas ao longo de todo o ano lectivo. É um objectivo que ainda não foi alcançado.
São, ainda, vários os docentes do Departamento que visitam as escolas da região proferindo comunicações, participando em sessões de trabalho com alunos e com professores dessas escolas. Isto acontece muito em momentos como os dias da Matemática levados a cabo pelas escolas.

Urbi@Orbi – Essa é uma forma de conseguir mais alunos para estas áreas?
Manuel Saraiva – A actividade referida visa essencialmente contribuir para a formação dos participantes e para a divulgação da Matemática, desmistificando concepções sobre esta disciplina e procurando mostrar como ela tem as suas virtudes, a sua beleza e a sua utilidade. Este é o grande motivo que nos move. Claro que também gostaríamos de trazer mais alunos para a Matemática e para os outros cursos que precisam da Matemática. Acreditamos que isso será um corolário do nosso trabalho, embora a responsabilidade pelo aumento do número de alunos não seja só nossa, pois, como sabe, há falta de vocações para a Matemática e para as Ciências! Claro que os processos são dinâmicos e a falta de vocação de hoje pode tornar-se numa maior procura no futuro (no que acreditamos!).

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“Perfil de Manuel Saraiva”

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