Voltar à Página da edicao n. 418 de 2008-01-29
Jornal Online da UBI, da Covilhã, da Região e do Resto
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> <strong>José Geraldes</strong><br />

A hora dos túneis

> José Geraldes

Até ao final do mês, está em consulta pública o Estudo de Avaliação Estratégica da Rede Rodoviária Nacional para a Região do Centro Interior encomendado pelas Estradas de Portugal. O documento analisa três hipóteses de acessibilidades da Serra da Estrela que afectam directamente os concelhos de Arganil, Celorico da Beira, Covilhã, Fornos de Algodres, Gouveia, Mangualde, Manteigas, Nelas, Oliveira do Hospital, Seia, Tábua e Viseu.
O NC, na edição da semana passada (17 Janeiro), publicou o mapa com a indicação dos três cenários e explicou largamente as suas vantagens e desvantagens com todos os pormenores em relação ao ambiente e aos custos. Igualmente deu conta das posições das câmaras municipais que, com excepção de Seia, todas optam pela construção dos túneis. As autarquias de Manteigas e Covilhã nem querem admitir outra hipótese.
O próprio Governo pela voz do secretário de Estado das Obras Públicas defende também esta solução. E a Região de Turismo da Serra da Estrela vai mais longe afirmando que, se houvesse poder regional, os túneis já estariam a ser construídos.
Estamos em face de um problema sobre o qual a opinião pública tem de ser sensibilizada, pois é futuro da Serra da Estrela que está em jogo e a tão historicamente desejada ligação a Coimbra. Esta ligação com a extinção de serviços de proximidade na Beira Interior vai-nos fazer cada vez mais falta. E, caso se avance para a regionalização, é a Coimbra que temos de ir. Já hoje o fazemos com as questões referentes à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional.
Na área da saúde, é a Coimbra que vamos a recorrer, já que haverá serviços que mesmo com a Faculdade de Medicina na Covilhã dificilmente os obteremos. Ora, afigura-se lógico que é um anacronismo histórico, o adiamento mais uma vez da oportunidade para escolher e construir a via de acesso rápida para Coimbra.
A Covilhã e a Serra da Estrela vão ficar melhor servidas com o chamado cenário B que prevê o IC6 (Coimbra –Seia-Covilhã) e IC7 (Venda de Galizes-Gouveia-Celorico da Beira) com os respectivos túneis. Este cenário prevê um tráfego médio diário anual de 8500 veículos menor que no cenário A (estradas em redor da Serra) e com um valor intermédio no cenário C (adaptação em forma de X do cenário B mas contornando a Serra).
O cenário dos túneis vem do tempo do Governo de António Guterres e foi o ministro João Cravinho que deu ordem para avançarem os estudos prévios. O argumento de que a ligação com os túneis fica mais cara, acabará no futuro por ser mais barata. A experiência comprova o facto.
A Comurbeiras avançou a solução com a introdução de portagens como, aliás, vai acontecer com o túnel do Marão. E, se o Governo por aperto financeiro tiver dificuldades em avançar com a obra, então que crie todas as condições para que a Comurbeiras possa tomar conta desta ligação.
A opção a tomar tem de ser, pois, a dos túneis. A aproximação ao Litoral fica mais definida e as tão faladas assimetrias regionais começam a diminuir.
Quem tem o poder de decidir, tem, agora, a oportunidade de mostrar que o desejo de acabar com as assimetrias regionais não é retórico. O discurso de estamos mais perto da Europa mas longe do Litoral tem de acabar.
Os túneis também travam a desertificação. Com as distâncias encurtadas há a possibilidade de atrair residentes, investimentos e, claro, mais turistas. E depois, com o aeroporto regional, teremos os equipamentos necessários.
Construam-se, pois, os túneis. Já.


Data de publicação: 2008-01-29 00:00:00
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