UBI discute conciliação profissional

O Seminário Transnacional "Família e Trabalho: passos para a conciliação" procurou apontar algumas soluções para uma maior harmonização entre a vida pessoal, profissional e familiar. Os investigadores deixaram algumas dicas, e discutiram os resultados do projecto Compasso que decorre em quatro países da Europa.

Organizado pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade da Beira Interior (UBI_CES), o Seminário Transnacional "Família e Trabalho: passos para a conciliação" pretendeu abordar a necessidade crescente de existência de serviços sociais inovadores e de qualidade que respondam às necessidades das famílias, e discutir o papel e a responsabilidade social das instituições empregadoras. O dia 26 de Outubro foi, igualmente, a data escolhida para a apresentação dos resultados do projecto Compasso que ao longo de dois anos decorreu em Portugal, Espanha, França e Itália. Refira-se que esta é uma iniciativa transnacional que tem o objectivo de dar visibilidade às temáticas da conciliação entre a vida familiar e profissional, ao mesmo tempo que tende a implementar acções que contribuam para a mudança e melhoria da qualidade de vida das famílias.
“É indiscutível que a universidade tem um papel decisivo na formação profissional dos jovens. Contudo, essa formação extravasa esse domínio e repercute-se na vida pessoal e familiar dos indivíduos, pelo que achamos que este tipo de debates também têm de aqui existir”, refere Graça Rojão, uma das responsáveis pelo projecto Compasso em Portugal. A investigadora apontou algumas causas que permitem explicar “a deficiente harmonização entre a vida laboral e familiar”, factores que passam pela existência de uma variabilidade crescente dos horários de trabalho e de uma deficiente partilha das actividades em casa. Segundo Graça Rojão, “estes problemas só se resolvem com uma crescente valorização do tempo de lazer, ao mesmo tempo que se devem integrar soluções complementares e flexibilizar quer os horários, quer as prestações de serviços”.
Já António Batista, consultor, apresentou uma comunicação intitulada: “Novas respostas para a gestão do tempo: suportes para uma cidadania plena”. Centrado em questões eminentemente sociológicas, António Batista acredita que “a família já não é a unidade orgânica e celular de outrora, uma vez que na actualidade a fragmentação é cada vez maior e o diálogo cada vez menor”. O investigador reitera que a falta de conciliação entre a vida pessoal e familiar só se resolve com uma intervenção concertada de toda a sociedade, pelo que “todos temos de tentar fazer face a um problema que é comum”.