Voltar à Página da edicao n. 405 de 2007-10-30
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O Museu Judaíco tem agora nova figura

Museu Judaico “repara” injustiça com Samuel Schwarz

Quando, em 2005, o Museu Judaico de Belmonte foi inaugurado, Clara Schwarz, descendente de um dos maiores estudiosos do judaísmo naquela vila, escreveu ao autarca Amândio Melo criticando o facto do Museu se ter esquecido de Samuel. Dois anos mais tarde, é feita justiça, com uma nova vitrina onde é referenciado o seu trabalho.

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“Ao presidente da Câmara Municipal de Belmonte senhor Amândio Manuel Ferreira de Melo. É com profunda tristeza que este e-mail lhe é dirigido. Com efeito recentemente foi inaugurado em Belmonte um Museu consagrado à presença judaica em Portugal. Este Museu deveria ter recebido o apoio incondicional de todos, tão notáveis são as colecções que aí estão expostas. Somente esse apoio não existe, dado que a obra do engenheiro Samuel Schwarz foi simplesmente ocultada (a excepção de uma lapide cuja tradução esta assinalada como sendo de S. Schwarz).” Foi assim que, em 2005, uma semana depois de Belmonte ter inaugurado o seu Museu Judaico, único no País, uma descendente de Samuel Schwarz, Clara, se dirigia ao autarca belmontense pelo facto da obra e trabalho de Samuel ter sido esquecida na nova infra-estrutura museológica. Pois bem, passados dois anos, a justiça é reposta em relação ao engenheiro de minas polaco, de religião judaica e um intelectual, autor de vários artigos e livros sobre diversos temas culturais, em particular sobre temas históricos. Está a ser implementada no Museu uma nova vitrina que fala de Samuel Schwarz, da sua obra e importante contribuição para a divulgação da comunidade cripto-judaica de Belmonte, através da obra "Cristãos-Novos em Portugal no Século XX", publicada em 1925, como separata da revista "Arqueologia e História", da Associação dos Arqueólogos Portugueses, a que pertencia. A nova vitrina tem como título “A obra do resgate” e muito brevemente, estará ao dispor dos inúmeros visitantes que ali se deslocam.
Em 2005, Clara Schwarz lamentava o “esquecimento” de Samuel, que esteve na origem da descoberta dos cristãos novos de Belmonte. “Graças à sua enorme sabedoria ele revelou os ritos e costumes destes cristãos novos, em numerosos livros que são uma referência incontestável tanto para historiadores portugueses como estrangeiros. Depois de ter adquirido a Sinagoga de Tomar, ele restaurou-a e doou-a ao Estado Português que também adquiriu a sua enorme biblioteca luso-hebraica. Este esquecimento é uma injustiça sem limites ao homem que foi Samuel Schwarz, de certa maneira uma segunda morte e também uma negação à verdade histórica” dizia Clara, para quem o Museu Judaico de Belmonte “não pode existir perante esta dupla ofensa e deve oferecer à obra de Samuel Schwarz o lugar eminente que lhe é devido. Lembro-lhe a sua declaração no dia da inauguração "este museu foi criado devido à urgente necessidade de prestar uma real homenagem ao povo Judeu e de dar visibilidade à Comunidade Judaica de Belmonte, além de honrar a História". Compete-lhe a si repor a realidade e honrar a história” afirmava.


O Museu Judaíco tem agora nova figura
O Museu Judaíco tem agora nova figura


Data de publicação: 2007-10-30 00:00:00
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