Voltar à Página da edicao n. 397 de 2007-09-11
Jornal Online da UBI, da Covilhã, da Região e do Resto
Director: João Canavilhas Director-adjunto: Anabela Gradim
 

Menos ais, queremos mais

> João Canavilhas

Num editorial recente tive a oportunidade de chamar a atenção para um estudo onde se confirmou um aumento do número de empresas falidas no Interior, uma situação que contraria a recuperação verificada no resto do país. Esta tendência, em conjunto com a verdadeira onda de encerramentos de instituições públicas no Interior, veio piorar ainda mais a situação das famílias que vivem nas regiões mais desfavorecidas.Esta semana, porém, recebemos boas notícias: o Governo anunciou um aumento dos benefícios fiscais para as empresas criadas ou a criar no Interior de Portugal. No primeiro caso, as empresas pagarão menos dez por cento de IRC – o dobro do beneficio actual – e no caso das novas empresas chegará aos 15 por cento. Com esta medida, diz o primeiro-ministro, o Governo pretende assegurar uma discriminação positiva para o Interior do país. E faz muito bem, mas é preciso complementá-la. Embora esta redução de impostos tenha potencial para atrair mais investimento, é necessário que o Estado dê o exemplo. Como? Mudando para o Interior a sede de algumas empresas públicas ou de participação maioritariamente pública. Com as actuais ligações rodoviárias e as facilidades proporcionadas pelas novas tecnologias, não há nenhuma razão que impeça a EDP, a GALP, a REN, ou a CP, por exemplo, de terem a sua sede social na Covilhã, em Vila de Rei ou no Fundão. O mesmo se pode dizer de alguns ministérios, secretarias de Estado e outras entidades governativas. Ao deslocalizar as suas instituições e empresas para o Interior do país, o Governo estará a dar um sinal claro de confiança, atraindo novas empresas e, consequentemente, mais população para estas regiões. Desta forma, liberta o Litoral da pressão demográfica a que está sujeito, com todas as consequências nefastas para a qualidade de vida nessas cidades. A população do Interior deve estar grata pelas medidas agora anunciadas mas, como diz o conhecido anúncio de uma das empresas antes referidas, menos ais, queremos mais, queremos muito mais.

 


Data de publicação: 2007-09-11 00:00:01
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