Voltar à Página da edicao n. 393 de 2007-08-14
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Igreja de Nossa Senhora do Carmo onde vai decorrer a festa nos dias 14 e 15 de Agosto

Teixoso festeja Nossa Senhora do Carmo

Amanhã o Teixoso vive um dia festivo. Celebra-se a festa em honra de Nossa Senhora do Carmo. Uma das festas com mais tradição na região que atrai todos os anos centenas de emigrantes. À habitual feira junta-se a celebração da eucaristia e a realização da solene procissão.

> Ricardo Morais

Remontando a tempos longínquos, e cumprindo uma ancestral tradição, a festa em honra de Nossa Senhora do Carmo traz à vila do Teixoso milhares de visitantes todos os anos. Esta festa, que é considerada por muitos a festa dos emigrantes, tem origem romana. Consta-se que existia uma vila romana ao pé do recinto da Sra. Do Carmo que tinha como padroeiro S. Sebastião, no entanto, essa tradição foi alterada para o culto da imagem de Nª Sra. Do Carmo.
A Tia Aurora na juventude dos seus 84 anos lembra como era a festa antigamente. "Vinham ranchos de fora, dos Três povos, era uma alegria. E depois há uma tradição fritam-se as xerovias e bacalhau frito e todas as pessoas queriam provar".
Maria do Céu Matos Pais é um pouco mais nova, mas os seus setenta e três anos permitem-lhe recordar a festa de outros tempos com saudade e até alguma mágoa. "Antigamente a Senhora do Carmo era muito religiosa o que não acontece agora que é uma autêntica feira. Vinham muitas pessoas de fora e ficavam no adro da igreja, espalhavam cobertores pelo chão e dormiam assim".
A tia Aurora lembra ainda as travessuras dos mais jovens. "Traziam burros e havia muitas oliveiras me volta do teixoso e depois a mocidade desprendia os burros e depois tinham de andar a ver deles. A mocidade de antigamente era muito travessa".
A festa começa no dia 14 de Agosto com a procissão da noite. Da capela da Senhora do Carmo para a igreja do Teixoso, são milhares os peregrinos que cumprindo as suas promessas transportam velas iluminando as ruas da vila.
No dia seguinte da festa propriamente dita, as missas começam às seis e meia da manhã e sucedem-se durante toda a manhã, entretanto organiza-se a procissão do meio-dia como é conhecida. Os irmãos das diferentes Confrarias reúnem-se para incorporarem a procissão no adro da igreja. As ruas da vila estão novamente cheias de gente e as pessoas às janelas de suas casas não perdem o desenrolar da procissão. Na procissão seguem à frente as confrarias e seus estandartes, seguem-se os homens e os andores, os anjos e peregrinos que cumprem as suas promessas levando consigo pés, braços, mãos de cera, velas da sua altura.
Alguns vão amortalhados numa túnica branca, descalços e de coroa na cabeça. Segue-se o pálio, a música e as mulheres, a procissão põe-se em andamento, na frente um homem não pára de deitar foguetes, é meio-dia, o sol está quente, mas a banda vai tocando a sua música sempre acompanhada pelos cânticos da Nª Sra. do Carmo e lá vai seguindo a procissão estrada fora, os andores engalanados resplandecem ao sol, os foguetes rebentam no céu limpo. Estão percorridos quase dois quilómetros e meio, as últimas casas da vila já há muito que ficaram para trás, a multidão forma uma massa compacta e muito comprida.
Rodeada de grandes árvores, avista-se ao longe a capela de Nª Sra. do Carmo, o povo não para de cantar, perdendo-se as vozes e os acordes da música, pelos campos que se estendem de um lado e do outro da estrada. Finalmente a procissão entra na capela onde se segue a missa campal da festa e o sermão.Terminada a missa as pessoas dispersam-se pela feira e procuram a melhor sombra para pasarem o dia.


Igreja de Nossa Senhora do Carmo onde vai decorrer a festa nos dias 14 e 15 de Agosto
Igreja de Nossa Senhora do Carmo onde vai decorrer a festa nos dias 14 e 15 de Agosto


Data de publicação: 2007-08-14 00:00:00
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