Voltar à Página da edicao n. 390 de 2007-07-24
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As uniões de facto em Portugal

Sobretudo por ser uma área transversal, Filomena Matias dos Santos dedicou a sua tese de doutoramento a este aspecto particular da Sociologia da família. “Sem cerimónia nem papéis: um estudo sobre as uniões de facto em Portugal” foi aprovado por unanimidade, no passado dia 20 de Julho.

> Igor Costa

Depois de uma tese de mestrado sobre a infidelidade conjugal, a docente do Departamento de Sociologia da Universidade da Beira Interior (UBI) investigou desta feita os diferentes tipos de coabitação verificáveis em Portugal. Trata-se apenas do terceiro estudo dedicado ao tema no nosso país, conferindo-lhe marcas de pioneirismo, nomeadamente no que diz respeito à metodologia. Sem preconceitos, a investigadora partiu para o terreno à descoberta. Só depois de efectuado o trabalho contabilístico definiu com clareza os oito perfis de coabitação que identifica na sua tese, discutida na reitoria da UBI.

Das mudanças sociais, e particularmente no que diz respeito aos valores e às classes sociais, têm surgido alterações profundas nos modos de vida. A vida quotidiana dos dias que correm gerou formas distintas de coabitação, dos tradicionais aos modernos, passando por perfis de experimentação, instabilidade ou circunstanciais. Desta forma, Filomena Matias dos Santos quis dar a conhecer a diversidade de significados que diferentes grupos dão à coabitação. "Um domínio muito pouco conhecido da vida social mas de importância crescente, e ainda porque constitui um bom regulador das mudanças que aconteceram na sociedade portuguesa nos últimos 30 ou 40 anos", explica a docente.

Filomena Matias dos Santos lembra situações caricatas aquando das entrevistas. A forma como o parceiro é nomeado, variando mediante diversos indicadores, apresenta desde logo a forma como cada uma das pessoas encara a união de facto. Namorado, parceiro, marido, mulher são designações que determinam também "a imagem que os coabitantes têm de si próprios e da imagem que julgam que os outros têm deles", explica a investigadora. Nomenclaturas que servem também para definir dentro da união de facto, a relação e o compromisso que se podem exigir ao parceiro. Maria Johanna Shouten (UBI), um dos elementos do júri, lembrou os casamentos de S. Tiago, que decorreram recentemente na Covilhã, e da relevância que o ideário religioso desempenha ainda na mente dos parceiros, nomeadamente do sexo feminino.

Para além de Johanna Shouten, fizeram parte do júri Karin Gago (Universidade de Lisboa), Teresa Joaquim (Universidade Aberta), Amélia Augusto (UBI), Maria Engrácia Leandro (Universidade do Minho) e Sofia Inglez (Universidade de Lisboa). Ao júri do passado dia 20 de Julho presidiu Luís Carrilho, vice-reitor da UBI.

Da parte do júri ficaram os reparos no que toca à organização da tese, e o convite para que este estudo seja aprofundado no futuro. Filomena Matias dos Santos aceitou o desafio, e mostra-se interessada em abordar a conjugalidade em grupos como os homossexuais, os jovens ou os empresários.


Data de publicação: 2007-07-24 00:17:25
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