Voltar à Página da edicao n. 388 de 2007-07-10
Jornal Online da UBI, da Covilhã, da Região e do Resto
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> <strong>José Geraldes</strong><br />

Ignorância e valor dos jornais

> José Geraldes

Já lá vão uns anos, Umberto Eco, não crente, autor do famoso livro O Nome da Rosa, escreveu: “Nas escolas italianas, Homero é obrigatório, César Augusto é obrigatório, Pitágoras é obrigatório, só Deus é facultativo. Se o ensino religioso se identificar com o do catecismo católico, no espírito da Constituição italiana deve ser facultativo. Só lamento que não exista um ensino da história das religiões. Um jovem termina os seus estudos e sabe quem era Poséidon e Vulcano, mas tem ideias confusas acerca do Espírito Santo, pensando que Maomé é o deus dos muçulmanos e que os quacres são personagens de Walt Disney”.
Ernest Bloch, filósofo marxista e ateu, mostrou-se escandalizado pela ignorância geral da Bíblia, dizendo que se tratava de uma “situação insustentável”. Esta ignorância – sublinhou- dá origem a novos bárbaros.
Régis Debray, amigo de Che Guevara, antigo conselheiro de François Miterrand, criou, com surpresa dos fanáticos do laicismo, há quatro anos, em França, o Instituto Europeu de Ciências Religiosas. O seu objectivo, segundo palavras do próprio Debray, é “evitar a ruptura na cadeia da transmissão da memória nacional e europeia” marcada pela religião. E enfrentar “a vaga esotérica e irracionalista” e o fundamentalismo.
Em Portugal, é conhecido o caso de um programa de rádio, neste caso, a Antena 2 sobre o Natal onde crianças de 8 e 9 anos não sabiam pura e simplesmente o significado desta data. A história do santo português mais popular, Santo António, já se transformou em anedota sobre a ignorância religiosa por a criança dizer que é um careca com um fato castanho com o filho ao colo.
O facto religioso faz parte do património da Humanidade. Deve, pois, ser incluído no ensino das escolas públicas. As modalidades deste ensino variam conforme os países. Mas a iniciativa de Régis Debray tem um significado especial por se tratar da França onde não há ensino religioso na escola pública. Ele sendo ateu chegou à conclusão que era urgente retomar este ensino.
Nesta altura, estão abertas em Portugal as matrículas para as aulas de Educação Moral e Religiosa Católicas desde o 1º ao 12º ano. Há uma lei que assegura este ensino. Se bem que no 1º ciclo ainda falta o cumprimento do Governo para a aplicação da lei. A aula não pode ser relegada para um tempo em que se apresentam as maiores dificuldades para as crianças.
Por isso, aos pais incumbe a responsabilidade de vigilância para o cumprimento dos preceitos legais.
A aula de Educação Moral e Religiosa Católicas inscreve-se num projecto de formação integral da pessoa. Não se trata de uma aula de catequese mas de valores humanos e de ética da vida. Daí a sua importância para todos os jovens mesmo não cristãos. E os pais que desejam uma verdadeira educação para os seus filhos, têm, nesta aula, um caminho seguro.
Uma tese de doutoramento não vale pelo número de páginas que contém. Mas pelo seu conteúdo e lógica de raciocínio e novidade do assunto escolhido. Uma página de texto pode dar uma óptima tese de doutoramento. O mesmo se pode dizer do jornal.
O valor e a expansão de um jornal não se mede pelo número de páginas de cada edição. Mas pelo seu conteúdo, qualidade dos textos dos jornalistas e pela selecção das notícias que interessam aos leitores e não por “palha”, como se diz em gíria jornalística, que podia encher mais de 60 páginas.
Sobretudo em primeiro lugar vem o conteúdo e a qualidade. Com um grafismo atraente para facilitar a leitura.


Data de publicação: 2007-07-10 00:00:00
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