O stress nos profissionais de saúde

Mudanças bruscas de turnos, pacientes problemáticos e trabalhos de grande pressão são alguns dos pontos que fazem da enfermagem uma profissão de desgaste. A tese de mestrado em Gestão de Unidades de Saúde apresentada na UBI avança com algumas conclusões sobre esta matéria.

Ricardo Manuel da Fonseca Santos é enfermeiros no Centro Hospitalar da Cova da Beira. Foi a pensar na sua actividade laboral que se decidiu pelo tema da sua tese de mestrado agora apresentada na UBI.
“O trabalho por turnos e as suas repercussões na qualidade de vida e saúde mental do enfermeiro” é o título deste estudo. Uma tese que teve em atenção “os principais elementos da relação entre a saúde mental com as diversas variáveis do estudo, constatando-se a ausência de perturbação mental entre os inquiridos”. Outro dos parâmetros resultantes deste estudo diz respeito “à boa qualidade de vida entre os enfermeiros e à ausência de fadiga ou, quando esta existe é de forma ligeira”, adianta Ricardo Santos. Este estudo permitiu também apurar a inexistência de problemas gástricos e cardiovasculares entre os profissionais de enfermagem. Verificou-se também que as variáveis que se constituíram como “preditoras da saúde mental, foi a personalidade, quanto melhor a personalidade, melhor a saúde mental e a matutinidade, ou seja, quanto mais um indivíduo tem predisposição para trabalhar de manhã, melhora a sua saúde mental”, acrescenta.
A metodologia utilizada para a recolha de dados, que serviram de base a esta tese, foi um inquérito por questionário que se verificou desde fins de Janeiro até fins de Março do ano passado. Este questionário foi validado para a avaliação de trabalhos nocturnos por turnos de trabalhador “que é o (EPTT), para avaliar a parte da saúde mental e da qualidade de vida foi utilizado um outro questionário”, explica Ricardo Santos. A amostra foi composta por enfermeiros do Hospital Pêro da Covilhã, com um total de 152 enfermeiros, cem do sexo feminino e 52 do sexo masculino.
Ricardo Santos aponta como uma das principais conclusões do seu estudo, o facto “dos enfermeiros possuírem “uma boa capacidade de mudança sobre vários aspectos da sua vida, como o sono, o trabalho e a saúde”. Segundo o autor da tese “os enfermeiros têm uma boa estratégia para lidar com o sono e com as alterações provocadas por este, com a saúde e com o trabalho e com a vida social e doméstica. Esta estratégia feita pelos enfermeiros foi considerada de elevada capacidade, o que é bom”, acrescenta. Ricardo Santos espera ainda que “as conclusões e a realização deste trabalho constituíam um contributo valioso para a comunidade científica, ao permitir uma maior e melhor intervenção pedagógica junto dos profissionais de enfermagem, no sentido de lhes facultar uma melhor orientação profissional”.
Uma tese de mestrado aprovada por um júri constituído por Maria Madalena Jesus Cunha Nunes, professora adjunta do Instituto Politécnico de Viseu, Mário José Baptista Franco, professor auxiliar da Universidade da Beira Interior e Luís António Fonseca Mendes, professor auxiliar da Universidade da Beira Interior.