Comunistas querem uma autoridade para a Serra da Estrela

Esta nova entidade teria como função fazer a articulação entre todos os agentes envolvidos na Serra, de modo a aumentar a eficácia do trabalho desenvolvido. Uma proposta que foi apresentada no sábado, em Manteigas, num encontro que contou com a presença de Jerónimo de Sousa.

O Partido Comunista defende a criação de uma Autoridade para a Serra da Estrela, depois de feita a regionalização, que faça a articulação entre todos os agentes envolvidos neste território e aumente a eficácia do trabalho desenvolvido.
Esta foi uma das propostas que a representação do partido nos distritos da Guarda e Castelo Branco apresentou na tarde do passado sábado, 16, no salão dos Bombeiros Voluntários de Manteigas, no âmbito do encontro “Um Novo Rumo para a Serra da Estrela”. Uma reunião “aberta” a quem quis participar e reflectir sobre o assunto e onde esteve presente o secretário-geral do partido, Jerónimo de Sousa.
Para o PCP, as várias entidades com interferência na serra, da Região de Turismo à Turistrela, aos municípios, Parque Natural, associações empresariais e ministérios não têm um relacionamento adequado. O partido acusa os vários agentes de não trocarem informação, não partilharem recursos e de não coordenarem a sua intervenção. O que resulta numa “actuação ineficaz”.
“É um modelo errado, inoperante e caro para o erário público”, realça Carlos Gonçalves, da direcção regional albicastrense. Por isso defende “um novo tipo de governância” na Serra da Estrela. “Que delimite as competências, reduza as zonas de sobreposição e os organismos com jurisdição sobre este território”, preconiza.
Uma vantagem desta autoridade, que lhe daria mais legitimidade, seria tratar-se de uma “entidade sujeita à fiscalização de órgãos que resultam de eleições na região”.
O fim do monopólio da Turistrela, por considerar que as circunstâncias se alteraram desde que a concessão da exploração na Serra foi decidida, é também sugerido pelo Partido Comunista. Carlos Gonçalves lembra que, “na altura, era uma empresa pública” e que “a boa ideia original foi completamente modificada”. No entanto, ressalva que “os direitos e legítimos interesses da Turistrela têm de ser respeitados”.
Na reunião de sábado o partido vai ainda defender para a Serra da Estrela um “turismo qualificado, ambientalmente sustentável e acessível a todos” e não querer que seja apenas um turismo de luxo, só com resorts. “Imaginem o que seria, por exemplo, uma das lagoas da serra transformada em condomínio privado”, frisou Carlos Gonçalves.
O dirigente comunista disse que foram desperdiçados recursos financeiros disponíveis e a situação económica, social e ambiental da Serra da Estrela se degradou. Para além dos lanifícios e confecções, muito atingidos, “a agricultura continuou a definhar e a floresta a perder hectares”. “A região da serra envelheceu e desertificou-se”.
Para combater o problema, o PCP advoga a defesa e revitalização do sector produtivo, para dar mais qualidade de vida às pessoas, a melhor distribuição de fundos, já que consideram a região prejudicada, a diversificação da actividade económica e a “inovação de produtos, tecnologias e métodos”.
“A inovação terá de se articular com a tradição”, diz o partido, no ante-projecto de resolução. E fala no “desenvolvimento dos têxteis técnicos” e na criação de um centro de apoio à distribuição, comercialização e certificação de produtos regionais. Como no caso dos queijos ou enchidos.