Voltar à Página da edicao n. 381 de 2007-05-22
Jornal Online da UBI, da Covilhã, da Região e do Resto
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> <strong>José Geraldes</strong><br />

A criança e a televisão

> José Geraldes

De entre os dias do ano dedicados a um tema para tomada de consciência colectiva, figura também o dia da Comunicação Social. Normalmente este dia que foi instituído pelo Vaticano II, realiza-se coincidindo com a festa da Ascensão no mês de Maio. Os temas variam de ano para ano. Para 2007, o tema escolhido incide sobre as crianças e a Comunicação Social.
O Papa escreve sempre a propósito deste dia uma mensagem onde o tema escolhido é analisado sob vários pontos de vista. A mensagem deste ano coloca o acento tónico nos desafios que se colocam à influência da Comunicação Social no mundo. E sobretudo no impacto que esta influência tem na formação da criança quer por parte dos media quer pela resposta da criança aos media. Daí Bento XVI insistir na responsabilidade dos pais, da família e escola e, claro, também das instâncias da Igreja.
O objectivo apresenta-se definido: educar as crianças no uso dos media. Pois trata-se de um elemento fundamental para o seu desenvolvimento cultural, moral e espiritual.
O problema está nos conteúdos que são propostos, às crianças, nos media. E, aqui, os produtores assumem grandes responsabilidades. Com as novas tecnologias e os meios sofisticados que lhes são associados, os programas são susceptíveis de se tornarem muito mais atractivos. Mas o seu uso determina o bem ou mal que deles pode advir.
A este propósito, Bill Clinton, ex- Presidente dos Estados Unidos, num dos discursos do Estado da União, pediu aos produtores que criassem filmes e programas que gostassem que os seus próprios filhos e netos vissem.
O Papa aponta três directivas que os programas e videojogos devem promover: a dignidade humana, o valor do matrimónio e da vida familiar e as conquistas positivas da Humanidade. E de eliminar programas ditos “de entretenimento” que “exaltam a violência e apresentam comportamentos anti-sociais ou a banalização da sexualidade humana” e que “constituem uma perversão”.
A educação para os media deve privilegiar o positivo. Até porque, como observa Bento XVI, citando um documento de João Paulo II, “os meios de comunicação social modelam profundamente o ambiente cultural”. E concorrem de forma paralela e, em jeito de desafio, na função educativa da escola e a família.
A televisão é o media mais poderoso para, a todos os níveis, modelar os novos ambientes culturais. E o que exerce maior influência na formação da criança. E a quem compete uma função mais educativa.
Todos os especialistas estão de acordo em que a televisão devia assumir um papel mais reforçado na construção da personalidade da criança. Até porque as crianças consomem muita televisão.
Manuel Pinto, docente da Universidade do Minho, diz na sua tese de doutoramento que, considerando os 365 dias do ano, o tempo médio de consumo televisivo ultrapassa o tempo ocupado com as aulas. Assim num ano, as crianças passam mil e 100 horas nas aulas e mil 210 em frente ao televisor.
Os últimos dados da Marktest referentes já a 2007 mostram que, a nível do País, as crianças dos 4 aos 14 anos consomem diariamente duas horas e 43 minutos a ver televisão. E no Interior as crianças passam frente ao ecrã três horas e 47 minutos ou seja mais uma hora.
Estes dados interpelam-nos fortemente para exigir que haja programas que contribuam para a formação integral das nossas crianças. E constituem um desafio para a consciência colectiva.


Data de publicação: 2007-05-22 00:00:00
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