Voltar à Página da edicao n. 379 de 2007-05-08
Jornal Online da UBI, da Covilhã, da Região e do Resto
Director: António Fidalgo Directores-adjuntos: Anabela Gradim e João Canavilhas
 

Mais 4 anos para a UBI

> António Fidalgo

A UBI celebrou 21 anos. Mais 4 anos para atingir os 25, as bodas de prata. São os 4 anos de um novo reitorado.

Já neste momento os tempos são de grandes dificuldades, sobretudo orçamentais. As verbas vindas directamente do Orçamento de Estado não chegam a 21 milhões de euros e os encargos salariais atingem os 25 milhões. E sendo essa a dificuldade mais premente, não é a mais grave. O principal desafio da UBI reside na sua consolidação académica, científica e pedagógica. A UBI arrisca-se a ver-se relegada para uma formação de primeiro ciclo de estudos superiores, e a ficar sem mestrados e doutoramentos. Desde logo por falta de alunos, e depois por Ministério privilegiar descaradamente as instituições do Litoral. O caso dos mestrados integrados nas Engenharias, apontado no discurso reitoral do 30 de Abril, é a prova clara desse favorecimento desigual e até vergonhoso.

As universidades e os reitores tiveram a vida facilitada quando o número de alunos aumentava todos os anos e os dinheiros públicos iam, mal ou bem, suportando o crescimento, físico e de pessoal, das instituições. O CRUP era uma força unida e poderosa, fazendo ouvir a sua voz na sociedade portuguesa. As coisas mudaram de vez quando o número de candidatos ao ensino superior baixou significativamente, as diferentes escolas começaram a competir entre si pelos poucos alunos, e o financiamento de universidades e politécnicos foi sendo estrangulado à medida da pressão de Bruxelas para diminuir o défice das contas do Estado. As universidades deixaram de falar a uma só voz, o Ministério apoiou a divisão, tratando-as de forma desigual, e cada escola centrou-se no seu umbigo, segundo o mote de que com o mal dos outros se pode bem.

Que pode fazer a UBI, que tem de ser feito no novo reitorado? A resposta é, e tem de ser, de continuidade e mudança. De continuidade com o que foi feito por Passos Morgado e Santos Silva, de ter e seguir um plano estratégico, de apostar em boas infra-estruturas, bibliotecas, laboratórios e salas de aula, de qualificar rapidamente um corpo docente próprio, de concentrar a universidade numa cidade, de ter uma instituição a uma só voz, sem divisões partidárias ou de outra espécie. Continuar a afirmar a UBI como instituição autónoma, sem enfeudamentos político-partidários, autárquicos, regionais, ou de qualquer outra espécie. Mas também tem de haver mudança no novo reitorado, na prioridade dada à investigação, na eficiência e agilidade dos serviços académicos, de inclusão e responsabilização de mais professores na gestão de novos projectos, na constituição da universidade como pólo cultural dinâmico, no empenho firme e total no parque tecnológico.
As engenharias sofrem a crise da falta de alunos, mas abrem-se-lhes as tremendas e fantásticas oportunidades de avançar com empresas inovadoras e de ponta, de entrar no Parkurbis, de fazer aqui o que outras universidades por esse mundo fazem, isto é, assumirem um papel activo e central na renovação industrial. A UBI tem de ir por aí, de aproveitar o enorme capital que construiu ao longo de mais duas décadas na formação do qualificado corpo docente na área das engenharias, e criar um vivo e criativo alfobre de empresas tecnológicas.

A última coisa a fazer seria reagir à míngua de alunos com o despedimento de professores que tanto custou qualificar. Isso seria desperdiçar descaradamente recursos preciosos. É preciso entender que as pós-graduações em engenharia estão ligadas cada vez mais à cultura empresarial de pequenas empresas de elevado potencial científico e tecnológico. Para que os segundos e terceiros ciclos desses estudos, isto é, os mestrados e doutoramentos, possam continuar a ser leccionados na UBI é imprescindível que muitas empresas surjam e requeiram elas mesmas engenheiros cada vez mais qualificados.
As engenharias são um importante património histórico e de identidade na UBI que deve ser acarinhado e potenciado. Não é por viverem um período de crise na procura pelos alunos que agora devem receber menor atenção e sofrerem desinvestimento.

Os desafios que se colocam à UBI como pequena universidade do Interior de Portugal exigem uma tanto uma liderança forte como agregadora de todos os docentes e alunos. Infelizmente os problemas decorrentes da baixa demografia, da diminuição de alunos persistirão e até se agravarão; mas as universidades ganharão novas funções à medida que a sociedade se tornar mais e mais uma sociedade do conhecimento. O próximo mandato reitoral terá de ter em conta essas novas realidades. Para que a UBI seja melhor universidade daqui a 4 anos, em 2011, por ocasião dos seus 25 anos.


Data de publicação: 2007-05-08 00:00:00
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