Música e moda para todos pelo comércio tradicional

Quando poucos acreditam num bom relacionamento entre os negócios e a cultura, esta iniciativa descomplexou a Covilhã. Uma tarde diferente para o público e para os intervenientes.

Tudo começou com uma lojista e um maestro. A ideia cresceu, e o resultado foi cinco lojas a desfilar entre o palco da Banda da Covilhã e um Teatro-Cine quase lotado. Vasco Pinho, aluno de Arquitectura da Universidade da Beira Interior (UBI) produziu um espectáculo de qualidade e bom gosto.
Com os hipermercados e os centros a monopolizarem as atenções da clientela, os pronto-a-vestir do centro histórico uniram-se numa iniciativa inédita. “A concorrência é boa se for saudável, e foi isso o que aconteceu hoje”, defende Antónia Pinho. Apesar de a iniciativa ter partido dela, a abertura concedida só a deixou mais alegre. Para estes empresários, o 25 de Abril significou libertarem-se do esquecimento para o qual as grandes superfícies os haviam remetido. Scala, Casa Diniz, Free Mind, Tila Moda e Loja da Antónia apresentaram as colecções de Primavera-Verão das várias marcas que representam. Um desfile pautado pela diversidade nas idades, estilos e materiais apresentados.
Ao longo do espectáculo, Eduardo Cavaco, maestro da Banda da Covilhã, foi narrando um passeio pelas ruas mais emblemáticas da cidade. Em jeito de estória de um alentejano que chega à Covilhã para trabalhar, o maestro introduziu cada uma das casas com elogios ao comércio tradicional. A banda interpretou temas da música portuguesa e estrangeira de Jennifer Lopez aos Xutos e Pontapés, num repertório vasto. A iniciativa contou com mais de 100 intervenientes, entre músicos, modelos, cabeleireiros e colaboradores.
No final, Vasco Pinho não podia estar mais contente: “Foi muito bom. Pela dinâmica, pelos aplausos, já valeu a pena”. Eduardo Cavaco partilhava da satisfação pelo trabalho realizado, ainda que lembrasse que a iniciativa não terminou no palco. “É importante que se consigam sinergias, e que os empresários sintam que fizeram a sua parte e isso lhes leve muitos clientes”, deseja o maestro. No local, duas situações distintas deliciaram os espectadores. Primeiro, a exposição de trabalhos de alunos de Design de Moda da UBI. Depois, os gelados que um parceiro local ofereceu no intervalo. No fundo, a prova de que os agentes estão interessados em continuar a vender no centro.