Voltar à Página da edicao n. 378 de 2007-05-01
Jornal Online da UBI, da Covilhã, da Região e do Resto
Director: António Fidalgo Directores-adjuntos: Anabela Gradim e João Canavilhas
 

“Não basta ter um corpo docente qualificado, é necessário ter um corpo docente empenhado”

> Eduardo Alves

U@O – Com a maioridade agora devidamente alcançada que futuro prevê para a instituição?
M.J.S.S. –
Julgo que a instituição atingiu uma fase de consolidação. Temos um corpo docente qualificado que ronda os 60 por cento de doutorados e temos mais 20 por cento a terminar o seu doutoramento. Tanto assim é que, dos 105 docentes a terminar o seu doutoramento, 25 já entregaram as suas teses. Há um crescimento muito rápido no número de doutores. E temos a vantagem de ter um corpo docente doutorado jovem, em que se depositam fortes esperanças de produção científica. Também é esperada a introdução de novas metodologias pedagógicas, da inovação e do empreendedorismo. Não basta ter um corpo docente qualificado, é necessário ter um corpo docente empenhado. E é necessário que o corpo docente vista a camisola da instituição. Estes jovens doutores têm necessariamente de adquirir a cultura da instituição. Nós, os mais velhos, com a pressão de os fazer doutores talvez não tenhamos sido capazes de lhes transmitir essa cultura, mas é absolutamente necessário que eles a adquiram.
Estou convencido que nós temos potencialidades e que a universidade se irá afirmar, até porque temos os ingredientes necessários para isso. Temos um corpo docente qualificado, jovem e empenhado, uma infra-estrutura física invejável, com edifícios, laboratórios e equipamentos. Tudo pensado para que no futuro, consigamos aumentar a produção científica. Se temos alguma coisa onde ainda temos de crescer é na produção científica. Temos também um acesso à informação como ninguém tem. O nosso índice de computador por aluno é o melhor da Europa. Estão por isso criadas todas as condições para que a UBI se possa vir a afirmar pela qualidade e pela diferença.

U@O – Está, por isso, a lançar um desafio e não uma crítica ao corpo docente mais jovem?
M.J.S.S. –
Se tivesse de fazer uma crítica teria de a fazer a mim próprio por ter andado quase a empurrar os docentes mais jovens para doutoramento. A Universidade é um fórum onde a crítica e a discussão de ideias deve estar sempre presente. Sem isso não haveria produção científica.
Julgo que há uma necessidade absoluta do corpo mais jovem de docentes se aperceber e vestir mais a camisola da universidade. E com isto quero dizer que temos de encontrar parcerias dentro das diferentes áreas da instituição e com base nessas parcerias desenvolver a investigação. É necessário que os docentes das Engenharias se associem com os da Gestão e Economia, isto porque, temos potencialidades criadas, mas temos de nos articular primeiro dentro da instituição para termos alguma massa crítica que nos possa levar a uma associação, quer a nível nacional quer internacional. Temos de estar conscientes que hoje, neste mundo global, e tendo em consideração o próximo quadro comunitário de apoio, as pequenas equipas não podem concorrer sozinhas a projectos de investigação. Quando estou a dizer que é necessário nos associarmos é no sentido de aproveitarmos as nossas ligações. É importante que a universidade se una em torno de objectivos comuns.

U@O – Esta instituição é uma das mais recentes universidades portuguesas, daí que como o senhor reitor tem dito várias vezes, ainda lhe falte um longo caminho a percorrer. Todavia é também uma das instituições com menos Unidades Científicas e de I/D, não existindo nenhuma com classificação “Excelente”. Este é um ponto a mudar? De que forma?
M.J.S.S. –
Temos 15 unidades e centros de investigação. Mais importante do que estarmos a pensar em criar mais, e não estou a dizer que isso não possa acontecer, é necessário darmos maior qualidade e produtividade às unidades que temos e associarmo-nos uns com os outros, para que possamos ser parceiros de peso que se possam juntar com outras unidades nacionais e internacionais. Mais do andar a criar “capelinhas” temos de fazer uma análise das unidades instaladas e associarmo-nos em torno do que já temos, de maneira a podermos ir mais longe.

U@O – Tem sido uma das vozes mais críticas quanto às políticas do ministério da tutela, nomeadamente nas questões do financiamento e da autonomia das universidades. Como pensa que o Estado deveria agir nesta matéria?
M.J.S.S. –
Penso que a questão não passa por ser crítico ou não. Não faço críticas ao ministro, não é isso que está em causa, mas é importante levantar problemas no sentido de melhorarmos a legislação, tendo em consideração a defesa dos interesses do ensino superior. O ministro não entende isso como uma crítica, até porque também entende que devemos levar os problemas quando eles existem. Da mesma forma que lhe coloco esses problemas também sou capaz de lhe dar um elogio quando julgo que deve ser feito. Há de facto algumas razões que me levam a estar apreensivo. Mas ao criticar o ministério, não estou a criticar apenas este ministro. É uma crítica transversal que tem vindo a ser feita ao longo dos anos. Não é admissível que o ministério da tutela, ao longo dos anos, não tenha tido em consideração o desenvolvimento das instituições de ensino superior no interior do País. Há uma discriminação negativa das instituições do ensino superior no interior do País. Nós nunca temos o financiamento que devíamos ter. Mas a questão é de tal ordem que o próprio relatório da OCDE diz que o ministério deve discriminar positivamente as instituições do ensino superior do interior através de seu financiamento. Este relatório fala mesmo em sustentabilidade do ensino superior.
É necessário ter em consideração, não só a idade, como a localização, como todo o esforço que foi feito na qualificação do corpo docente para sermos capazes de levar estas instituições a bom porto. Podemos orgulhar-nos daquilo que fizemos nos últimos anos.

Só em último caso é que eu avanço

Estou disponível para continuar a apoiar o desenvolvimento da UBI



"Neste momento, todos os cursos da UBI estão adequados no âmbito de Bolonha"


Data de publicação: 2007-05-01 00:00:00
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