Recriação histórica no centenário do Sanatório

Uma recriação histórica, no dia 19 de Maio, será o "ponto alto" das comemorações do centenário do antigo sanatório Sousa Martins, da Guarda, inaugurado pela família real em 18 de Maio de 1907.

Fernando Girão, presidente do Conselho de Administração (CA) do Hospital Sousa Martins (HSM), afirma que até ao final do ano haverá diversas actividades que vão assinalar a efeméride, mas o momento mais marcante terá lugar no dia 19 de Maio.
"Haverá um espectáculo produzido pelo Teatro Municipal da Guarda, que fará a evocação histórica da visita de D. Carlos I e da rainha D. Amélia", adianta. Segundo Fernando Girão, no espectáculo participarão "centenas de figurantes de todas as associações da Guarda". A recriação histórica começa com a chegada da "família real" à estação do caminho-de-ferro da Guarda, seguindo-se o trajecto para o centro da cidade numa carruagem puxada por cavalos. Um segundo momento contempla a entrada do casal real na igreja da Misericórdia e, por fim, a recriação da cerimónia inaugural do antigo sanatório, no actual Parque da Saúde. Haverá diversas actividades de animação e o momento será perpetuado "pela plantação de uma árvore", adianta Fernando Girão.
O presidente do CA do HSM gostaria que as comemorações envolvessem a população do distrito da Guarda, já que se trata de um momento simbólico, tendo em conta que coincidem com a altura em que é aguardada a ampliação e requalificação do actual hospital. "Vamos tentar fazer uma comparação entre a inauguração do sanatório e, eventualmente, o lançamento do projecto e das obras para a construção da nova unidade de saúde", disse. Antes da recriação histórica, no dia 17 de Maio terão lugar umas Jornadas Interdisciplinares sobre Tuberculose, organizadas pela Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico. Fernando Girão anunciou ainda que, no início de Novembro, também no âmbito do programa comemorativo do centenário, a cidade acolherá um congresso da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.
O antigo Sanatório Sousa Martins inaugurado pelo rei D. Carlos I e pela rainha D. Amélia no dia 18 de Maio de 1907, passou a designar-se Hospital Distrital da Guarda em finais de 1975. Mais tarde, em 1989 adoptou a actual designação de Hospital Sousa Martins. O investigador Hélder Sequeira, licenciado em História, que tem vários trabalhos publicados sobre temas relacionados com o antigo sanatório, afirma que a unidade de saúde foi durante várias décadas do século passado "um incontornável cartaz de divulgação da Guarda, projectando-a como a cidade da saúde". "Nos principais textos, ou publicações de divulgação da Guarda, aquela unidade sanatorial merecia sempre grande destaque e eram dadas a conhecer as excelentes condições oferecidas para o tratamento dos doentes afectados pela tuberculose pulmonar", sublinha. Segundo o investigador, os serviços instalados na cidade "fizeram do sanatório Sousa Martins uma unidade de vanguarda e referência no tratamento de muitos doentes, oriundos de vários pontos do país e do estrangeiro".
Na opinião de Hélder Sequeira, o antigo sanatório contribuiu, "inquestionavelmente para o desenvolvimento económico da Guarda, assim como para o seu desenvolvimento cultural". Recorda, a título de exemplo, que a instituição foi responsável pelo início da actividade radiofónica na cidade, com a criação da Rádio Altitude, em 1947. No actual parque da saúde permanecem abandonados dois dos antigos pavilhões do sanatório que, segundo Hélder Sequeira, mereciam ser recuperados. "Foi feita, já há alguns anos, uma proposta para a criação do Museu do Sanatório Sousa Martins num dos antigos pavilhões (pavilhão D. Amélia)", mas "é pena que não se tenha dado, ainda, seguimento a esse projecto", lamenta.
Quanto ao pavilhão D. António de Lencastre, considera que "não seria descabida a sua afectação a um Centro de Estudos Interdisciplinar na área de Pneumologia, a uma biblioteca especializada nesta área ou à instalação de serviços de informação documental para apoio à formação dos profissionais de saúde". O complexo do ex-sanatório era composto por quatro pavilhões (no principal, inaugurado em 1953 funciona hoje o hospital) e por vários chalets (destinados a famílias com bons meios financeiros).